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Lula, em entrevista, bravateou que não protegeria o seu filho, Fábio Lula da Silva, vulgo Lulinha, das investigações acerca de seu possível envolvimento no escândalo do INSS (“se tiver filho meu nisso, será investigado”).
A verdade, porém, é outra. A base do governo Lula na CPMI do INSS tem sistematicamente blindado das investigações Lulinha e pessoas ligadas ao PT. Quebras de sigilo fiscal ou bancário, convocação para o depoimento deles ou de testemunhas, todas essas diligências têm sido barradas pelo Governo que, infelizmente, tem maioria na comissão.
Aqueles que trabalharam para desmantelar a Operação Lava Jato com base em mentiras sabiam que a consequência seria a volta da corrupção em grande estilo e escala
A investigação feita pela PF tem tido maior êxito e conseguido obter algumas provas da ligação entre Lulinha e o Careca do INSS, como viagens em conjunto para o exterior e áudios ou mensagens apreendidas que sugerem que o operador do esquema criminoso teria destinado pagamentos para o primeiro, denominado então de “filho do rapaz”. Ainda é prematura qualquer conclusão, mas já há suspeitas de que o filho do presidente esteja envolvido nos crimes.
Como se não bastasse, foram também colhidas provas de que o Careca do INSS não atuou somente junto ao Ministério da Previdência ou ao INSS. Áudios, mensagens e depoimentos ilustram tentativas de realização de negócios junto ao Ministério da Saúde e, considerando o modus operandi do investigado, é possível que novos e maiores escândalos apareçam.
A investigação da PF tem avançado porque está sendo conduzida pelo ministro André Mendonça do STF e que tem demonstrado ser independente do governo. Dificilmente teria tido prosseguimento se tivesse caído com alguns outros ministros, mais próximos ao governo ou mais hostis ao combate à corrupção.
A CPMI do INSS, apesar de suas limitações, tem contribuído para as apurações. Lembro que, após o escândalo ser revelado em abril pela operação da PF, correram meses sem maiores novidades na investigação policial. Parecia que seria mais um grande escândalo enterrado. Após a instalação da CPMI em agosto, parece que as investigações policiais ganharam novo impulso, tendo sido, já no início de setembro, decretadas as primeiras prisões preventivas do caso.
Não entendo que se trata de coincidência. A CPMI, instaurando uma investigação paralela e colocando os fatos sob holofote, tem ajudado para que o caso não caia no esquecimento, o que dificulta ações de obstrução. Veremos em 2026 até onde as investigações poderão chegar.
Aqueles que trabalharam para desmantelar a Operação Lava Jato com base em mentiras sabiam que a consequência seria a volta da corrupção em grande estilo e escala. Buscavam impunidade para os crimes passados, mas principalmente uma forma de retomar as oportunidades para novos ganhos ilícitos.
A corrupção no Brasil é sistêmica e não um fenômeno isolado, atingindo todos os poderes e todos os entes da federação, a administração pública direta ou indireta. Enquanto os criminosos não encontrarem freio, continuarão roubando. O desmantelamento da Lava Jato é causa direta do escândalo do roubo dos aposentados e pensionistas do INSS. Há aqui uma lição a ser aprendida.
