Após reajuste na tarifa de água, governo de SP diz que consumidor não verá ‘aumento real’
Em entrevista à Jovem Pan, secretária de Meio Ambiente defendeu a privatização da Sabesp, alegando que a empresa pública traria ao consumidor um aumento real de 15%
A publicação das novas tabelas de valores de tarifas da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo gerou repercussão, especialmente por parte de opositores, que lembraram que o governador Tarcísio de Freitas disse, em campanha eleitoral em 2022, que, após a privatização, não haveria aumento na tarifa da antiga estatal.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, afirmou em entrevista à Jovem Pan, no entanto, que o reajuste de 6,11%, é baseado na inflação, levando em conta um período de 16 meses, portanto desde julho de 2024 quando a empresa foi privatizada.
Com o novo valor, a tarifa residencial passa de 6 reais e um centavo para 6 reais e 40 centavos, um acréscimo de 39 centavos na conta de água do consumidor paulista.
Resende disse que, se a Sabesp continuasse totalmente sob o guarda-chuva do estado, o aumento seria de 15%. Afirma que o reajuste só ocorreu em função dos investimentos. “Foram 151 bilhões de reais investidos a mais em 2025, sem aumento real na tarifa. Devido ao modelo regulatório e do fundo de lucros utilizados pelo Estado. O modelo permite que hoje eu só coloque na tarifa o reajuste depois que a Sabesp já tiver feito o investimento”, afirmou Natália Resende.
Pelo contrato, o Estado de São Paulo ainda detém 18% das ações da Sabesp e por isso consegue utilizar os lucros do fundo que foram citados pela secretária. Segundo os dados da secretaria, a companhia já investiu R$ 15 bilhões para ampliação do saneamento.
A secretária diz que o reajuste não tem relação com a queda dos níveis dos reservatórios e que o cenário atual é muito diferente da crise hídrica de 2014 e 2015.
Ela descartou risco de racionamento neste momento: “Hoje o que a gente vê é uma curva bem rente à contingência que a gente já tinha previsto. Hoje estamos na faixa três, no período da gestão de demanda noturna de 10 horas. É bem distante do chamado rodízio, na faixa sete”, disse a secretária.
O plano estabelecido pelo governo estadual segue no patamar 3, em uma escala que o patamar 7 já atinge o racionamento. Natalia Resende ressaltou que uma das medidas adotadas foi a antecipação de obras, como a transposição para o Alto Tietê. O mecanismo vai integrar a da bacia do rio Itapanhaú, na Serra do Mar, até o Sistema Alto Tietê. Segundo a gestão estadual, isso permitirá mais segurança hídrica, com aumento de 17% de água no reservatório, alcançando 22 milhões de pessoas.