Após Tarcísio anunciar ‘fim’ da Cracolândia, Felicio Ramuth nega dispersão em outros pontos de SP 

Em entrevista à Jovem Pan News, o vice-governador detalhou as ações e afirmou que ‘o estado, em parceria com a prefeitura, não vai admitir que qualquer região da cidade apresente uma cena sequer semelhante àquela’ 

  • Por Jovem Pan
  • 17/11/2025 09h52
Jovem Pan Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Felicio Ramuth (PSD), vice-governador de São Paulo. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Felicio Ramuth (PSD), vice-governador de São Paulo.

Na última semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, declarou que a Cracolândia, a mais notória cena de uso aberto de drogas do país, chegou ao “fim”. Em entrevista à Jovem Pan News nesta segunda-feira (17), o vice-governador Felicio Ramuth, coordenador das ações na região, detalhou a estratégia multifacetada que, segundo ele, desmantelou o “território de ausência do poder público” e rebateu a percepção de que os usuários teriam apenas se espalhado pela cidade.

“Sim, a Cracolândia acabou e não voltará mais”, afirmou Ramuth de forma categórica. Questionado sobre a possibilidade de uma mera dispersão dos dependentes químicos para outras áreas, como a região do Minhocão e do Memorial da América Latina, o vice-governador argumentou que o fenômeno atual é diferente. Ele explicou que a antiga Cracolândia era um local onde o Estado não conseguia atuar, permitindo a concentração de até 3.000 usuários e a livre operação do tráfico. “Isso não existe mais na cidade de São Paulo. Não vamos admitir”, declarou.

Segundo Ramuth, o fim da Cracolândia não se deu da noite para o dia, mas foi o resultado de um trabalho gradual de dois anos e meio. A estratégia se baseou na retomada do território pelo Estado, combinando ações de segurança, saúde e assistência social. Para sustentar a afirmação, ele apresentou dados expressivos: a prisão de mais de 1.500 traficantes, a implementação de tecnologias de vigilância como o Smart Sampa e a Muralha Paulista, e, principalmente, o foco no tratamento.

“Foram 28.000 internações”, revelou o vice-governador, destacando o trabalho do Hub de Cuidado em Crack e Outras Drogas, que realizou 35.000 atendimentos. As internações ocorreram tanto em hospitais especializados quanto em comunidades terapêuticas. Ramuth enfatizou a criação de uma “porta de saída” para os dependentes, com programas de reintegração social, como o Programa Operação Trabalho (POT), que oferece uma bolsa de R$ 1.200, e a criação de 40 “Casas Terapêuticas” e das “Casas Prevenir”, que dão suporte aos recuperandos e suas famílias.

Ao abordar a persistência de grupos em outras localidades, Ramuth diferenciou a população em situação de rua, que muitas vezes se agrupa por segurança, da formação de novas “cracolândias”. Ele citou um levantamento recente em um ponto na Barra Funda, onde apenas 8% dos abordados eram oriundos da antiga cena de uso. “O que tínhamos ali era o melhor lugar do Brasil para se esconder da polícia e da família. Com a presença do Estado, a região deixou de ser interessante para esse influxo de pessoas”, explicou.

Uma trabalho gradual de dois anos e meio, segundo Ramuth, foi a intervenção na Favela do Moinho, que servia como base para o crime organizado que abastecia a Cracolândia. A operação resultou na prisão de lideranças do tráfico e ofereceu moradia digna para mais de 800 famílias.

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O governo reconhece que o consumo de drogas na cidade continua a ser um desafio, mas reitera que a cena de uso aberto e o território sem lei que definiram a Cracolândia foram extintos por uma estratégia contínua e integrada. “É um trabalho baseado em ciência e evidências”, concluiu Ramuth.

*Com informações do Jornal da Manhã 

*Reportagem produzida com auxílio de IA