O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: déficit primário passou de R$ 100 bilhões em nove meses.
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: déficit primário passou de R$ 100 bilhões em nove meses. (Foto: Sebastião Moreira/EFE)

Eu estava em São Paulo nesta segunda-feira, aeroporto cheio, e as pessoas querendo saber o que vai acontecer no ano que vem. Minha primeira resposta é: “Não tenho bola de cristal num país em que até o passado é imprevisível”. Mas algumas coisas há como prever: por exemplo, a economia estará prejudicada pelos juros altos, que precisam ser mantidos altos por causa do desequilíbrio das contas públicas. O Banco Central tem de cumprir o seu dever, como está cumprindo, de proteger a moeda e o crédito; se ele não proteger a moeda, vamos perder muito mais do que os juros que pagamos. Se você recebe R$ 10 mil no fim do mês e a inflação for alta, no fim do mês seguinte aqueles R$ 10 mil já passaram a valer R$ 9,5 mil; você já perdeu R$ 500, porque a moeda perdeu poder aquisitivo.

Também podemos prever que o governo vai aumentar gastos. Por quê? Porque é ano eleitoral. O governo vai aumentar as benesses. Lula festeja quando aumenta o número de gente recebendo Bolsa Família, “bolsa gás”, “bolsa eletricidade”, quando deveria ser o contrário: um governo decente festejaria se menos pessoas precisassem disso; significaria que estão conseguindo reduzir a pobreza. Lembram-se do presidente Ronald Reagan? Ele dizia que o melhor programa social se chama emprego. A pessoa vai trabalhar e não se humilha recebendo esmola. É mais do que se humilhar: a pessoa vai se destruindo por não trabalhar, por ficar parada, por ficar apartada do mundo, por não participar, por se sentir culpada de os outros estarem trabalhando para ele ganhar isso. Porque a bolsa isso, a bolsa aquilo não vêm do bolso de Lula; vêm dos impostos pagos com o suor das pessoas.

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E o déficit está aumentando muito com isso. Bilhões e bilhões e bilhões estão fora do tal arcabouço, para tapear o limite de gastos. Como é que o governo anterior terminou com R$ 54 bilhões de superávit, e este aqui está estourando todas as contas? Recebeu superávit, gastou o superávit e fez déficit. Os Correios só davam lucro, agora só dão prejuízo cada vez maior. 

Empate técnico em Honduras foi resolvido contando os votos. E aqui?

Em Honduras, estão quase terminando de contar os votos porque a eleição terminou praticamente empatada entre dois candidatos de direita, ambos muito perto de 40% dos votos. A candidata de esquerda, apoiada pela atual presidente (a mulher de Manuel Zelaya, aquele do chapelão), ficou nos 19%. A diferença de votos entre os dois candidatos da direita chegou a ser de apenas 515 votos. Se acontecesse isso aqui no Brasil, como é que faríamos? Não há voto de papel para contar. Vão contar bytes? Ou vão apertar um botão para aparecer o mesmo resultado de novo? É o que aconteceria, pelo jeito, a menos que me expliquem. Porque eu não consigo entender e duvido que alguém entenda como o seu voto está sendo contado. A não ser que haja a segurança de uma conferência, assim como quando pagamos algo com cartão e recebemos um comprovante da maquininha.

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Em 2026, mesmo que haja vários candidatos de direita no primeiro turno, no segundo são todos contra Lula

Flávio Bolsonaro vai atrapalhar a direita? Não. O próprio Lula lançou essa história de “nós contra eles”. Então, em 2026 será Lula e o anti-Lula; quem tiver mais votos ganha. Digamos que haja vários candidatos de direita e um candidato de esquerda, Lula, no primeiro turno; Lula termina o primeiro turno com 45%, o melhor candidato de direita ficou com 30%, outro teve 20%, e um outro ficou com 5%. Aquele que ficou com 30 vai para o segundo turno, e deve somar os votos dos outros dois, o de 20% e o de 5%, não é?

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos