As reuniões remotas chegaram para ficar, mas não eliminaram as presenciais

Grandes multinacionais, como Amazon, Apple, Meta, Microsoft e Disney, eliminaram ou reduziram significativamente o home office

  • 31/12/2025 07h00
Drazen Zigic/Freepik Jovem empresário negro bebendo café enquanto trabalhava até tarde em um computador no escritório Social media, home office, jornalista, publicitário, jovem trabalhador, mercado de trabalho, empreendedor, internet

O home office acabou?

Nos últimos meses, essa pergunta passou a circular com frequência nas empresas. Muitas organizações passaram a exigir que seus empregados deixassem o trabalho remoto e retornassem ao escritório.

Nem todos aceitaram bem a mudança. Muitos haviam transferido sua base para locais fora dos grandes centros urbanos. Montaram escritórios em casa, equipados para realizar reuniões com qualidade. Para esse grupo, voltar atrás significa retomar uma rotina que consideram pouco atraente. São mais resistentes.

Outros, sem alternativa, mesmo preferindo permanecer em casa, atenderam ao chamado e retornaram ao presencial quase como um sacrifício. Alegam que produzem mais no trabalho remoto. Levantam mais tarde, ganham tempo de conforto e encerram o expediente sem enfrentar o trânsito, conseguindo dedicar mais horas à família ou ao lazer.

Grandes empresas querem o pessoal no escritório

Há, porém, profissionais que preferem o trabalho presencial. Alguns não dispõem de espaço adequado em casa. Outros reclamam das interrupções constantes. Há ainda os que simplesmente gostam de conviver com os colegas e trabalhar em um ambiente que consideram mais profissional.

Grandes multinacionais, como Amazon, Apple, Meta, Microsoft e Disney, eliminaram ou reduziram significativamente o home office. Entre os motivos apontados estão o fortalecimento da cultura organizacional, a busca por maior eficiência e a melhoria da colaboração e da inovação.

Os modelos híbridos são mais comuns

Algumas adotaram modelos híbridos, exigindo a presença de três ou quatro dias por semana no escritório. No Brasil, instituições financeiras também revisaram seus modelos de trabalho. Bancos de grande porte, como o Itaú Unibanco, promoveram ajustes internos e demissões após processos de avaliação de desempenho, em um contexto mais amplo de reestruturação e revisão das metas de produtividade, que incluiu mudanças no trabalho remoto. O Bradesco, por sua vez, encerrou o home office em determinados setores.

Apesar dessa guinada, é improvável que as reuniões a distância deixem de existir. Mesmo no trabalho presencial, a comunicação remota continuará sendo amplamente utilizada.

Presencial ou remoto?

A experiência dos últimos anos mostrou que a comunicação a distância não foi apenas uma solução emergencial. Em muitos casos, revelou-se eficiente, econômica e adequada para decisões objetivas e encontros pontuais, sobretudo quando o deslocamento físico representa alto custo de tempo e recursos. Dificilmente alguém se deslocará por longas distâncias apenas para participar de uma reunião de curta duração, quando o encontro pode ser resolvido de forma eficiente a distância.

Com o tempo, muitas organizações concluíram que o trabalho presencial oferece vantagens importantes. A proximidade facilita o acompanhamento do desempenho individual e favorece trocas informais que frequentemente geram ideias e soluções que dificilmente surgiriam em encontros formais.

Maior comprometimento

O ambiente presencial também impõe maior percepção de comprometimento. A forma de vestir, de se relacionar com colegas e superiores e a participação em reuniões ganham outra dimensão. Não é possível entrar calado e sair da mesma forma de todos os encontros. É preciso participar.

Considerando que os contatos remotos continuarão, agora muitas vezes realizados dentro do próprio local de trabalho, cresce a exigência por habilidades de comunicação cada vez mais refinadas. As exposições presenciais demandam técnicas específicas. Postura, gestos, movimentação diante do grupo e energia na forma de se expressar precisam estar em outro patamar.

A comunicação a distância pode ser mais complexa

Isso não significa que a comunicação remota seja menos exigente. Em muitos casos, ela é até mais complexa, exigindo cuidado com a imagem, o ritmo da fala, a clareza das ideias e a interação com os participantes.

Seja à distância ou presencialmente, uma das competências centrais para qualquer profissional continua sendo a boa comunicação. O trabalho pode mudar de lugar. A comunicação, não. Comunicar bem deixou de ser diferencial. Tornou-se condição básica para permanecer relevante. Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.