Audiência pré-julgamento de Luigi Mangione é encerrada; juiz deve decidir em maio sobre provas

Réu é acusado de matar Brian Thompson, executivo-chefe da UnitedHealthcare, em dezembro de 2024, em Manhattan; crime gerou grande repercussão nacional

  • Por Eliseu Caetano dos Estados Unidos 
  • 19/12/2025 09h22 - Atualizado em 19/12/2025 09h27
Steven HIRSCH / POOL / AFP Luigi Mangione Luigi Mangione se declarou inocente

A audiência pré-julgamento no caso de Luigi Mangione, acusado do assassinato do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, foi oficialmente encerrada nesta semana, após quase um mês de depoimentos, argumentos técnicos e análise de provas. O juiz responsável pelo caso afirmou que deve emitir sua decisão nos próximos meses, definindo quais evidências poderão ser apresentadas ao júri quando o julgamento começar.

O juiz Gregory Carro, da Suprema Corte do Estado de Nova York, informou que pretende divulgar sua decisão sobre a admissibilidade das provas em maio, data em que também poderá estabelecer o calendário definitivo do julgamento.

Encerramento das oitivas

Durante a última sessão da audiência, tanto a promotoria quanto a defesa anunciaram que não chamariam mais testemunhas. “A defesa descansa”, declarou a advogada Karen Agnifilo, encerrando formalmente a fase de depoimentos. Minutos antes, os promotores já haviam indicado que também não apresentariam novos relatos.

A audiência de supressão de provas se estendeu por nove dias, distribuídos ao longo de cerca de três semanas, e teve como foco central a legalidade da prisão de Mangione e da coleta de evidências realizada pela polícia.

O crime e a prisão

Luigi Mangione é acusado de matar Brian Thompson, executivo-chefe da UnitedHealthcare, em dezembro de 2024, em Manhattan. O crime gerou grande repercussão nacional, tanto pela posição de destaque da vítima quanto pela brutalidade do ataque.

Cinco dias após o assassinato, Mangione foi localizado e preso em um restaurante McDonald’s em Altoona, na Pensilvânia, após uma denúncia. A prisão interestadual e os procedimentos adotados pelos policiais desde esse momento se tornaram o ponto central da disputa judicial.

Disputa sobre a legalidade das provas

A defesa argumenta que os direitos constitucionais de Mangione foram violados no momento da prisão e durante a busca em seus pertences pessoais. Segundo os advogados, a polícia realizou uma busca sem mandado em uma mochila que estava com o acusado, o que tornaria ilegais várias das provas obtidas.

Entre os itens apreendidos estão:

  • Uma arma de fogo carregada
  • Um caderno com anotações manuscritas, descrito por investigadores como um possível “plano” ou “lista de tarefas”
  • Outros objetos que, segundo a acusação, indicariam preparação e tentativa de fuga

A defesa também alegou que Mangione não recebeu imediatamente a leitura de seus direitos, o que poderia invalidar declarações feitas após a prisão.

Argumentos da promotoria

Promotores sustentam que a abordagem foi legal e necessária, dadas as circunstâncias. Durante a audiência, foram exibidos vídeos de câmeras corporais, gravações de chamadas para o 911 e depoimentos de policiais envolvidos na prisão.

De acordo com a promotoria, a busca foi justificada por razões de segurança e ocorreu dentro dos limites da lei, considerando que os agentes acreditavam estar diante de um suspeito armado e perigoso. Os promotores também afirmaram que as evidências coletadas conectam Mangione diretamente ao assassinato e são essenciais para a apresentação do caso ao júri.

Próximos passos no processo

O juiz Carro determinou um cronograma para a entrega dos argumentos finais por escrito:

  • A defesa deverá apresentar sua posição até 29 de janeiro
  • A promotoria terá até 5 de março para responder
  • A defesa ainda poderá apresentar uma réplica duas semanas depois

Somente após analisar esses documentos o juiz tomará sua decisão final sobre quais provas serão admitidas no julgamento.

Pressão por celeridade

Durante as audiências, promotores pediram que o caso avance com rapidez, destacando o impacto do crime sobre a família da vítima. Eles mencionaram que a mãe de Brian Thompson, de 77 anos, aguarda há meses por uma definição judicial.

Mangione, que se declarou inocente, enfrenta acusações tanto em nível estadual quanto federal. Caso seja condenado, ele pode pegar prisão perpétua, dependendo do desfecho das acusações e da sentença imposta.

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O julgamento de Luigi Mangione é acompanhado de perto por autoridades, especialistas jurídicos e pelo público, levantando debates sobre procedimentos policiais, direitos constitucionais e o equilíbrio entre segurança pública e garantias individuais. A decisão do juiz sobre a admissibilidade das provas poderá ser determinante para o rumo do processo — e, possivelmente, para seu resultado final.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.