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O Departamento de Resolução e de Ação Sancionadora (Derad) do Banco Central do Brasil (BC) decretou, nesta terça-feira (18), a liquidação extrajudicial do Banco Master. Com isso, determinou a indisponibilidade dos bens de duas empresas, três controladores e oito ex-administradores. Está entre os alvos da indisponibilidade de bens o presidente da instituição, Daniel Bueno Vorcaro, preso pela Polícia Federal (PF) no contexto da Operação Compliance Zero.
Os clientes que possuem investimentos no CDB (Certificado de Depósito Bancário) de até R$ 250 mil serão ressarcidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Quem possui valores acima disso entrará em uma lista de credores para ressarcimento ao longo da liquidação. Outra possibilidade é que os investidores entrem na Justiça contra o BC, alegando que a liquidação ocorreu de forma indevida.
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Banco enfrenta crise de caixa e credibilidade
O Master enfrenta uma crise de caixa e de credibilidade que atingiu seu ápice na deflagração da Operação Compliance Zero. A Polícia Federal investiga a emissão de títulos de crédito fraudulentos. A situação envolveu também o Banco de Brasília (BRB) que tentou comprar parte do Master, mas teve a compra barrada pelo Banco Central. Outro interessado na compra da empresa era o grupo Fictor, que indicou o interesse no dia anterior à liquidação e à prisão de Vorcaro.
Com a liquidação, a instituição sai gradualmente do Sistema Fiinanceiro Nacional. O Banco Central utiliza esse poder quando constata que a empresa não consegue mais se salvar financeiramente, ou quando encontra violações às normas aplicáveis.
A empresa era conhecida por altas ofertas de retorno em investimentos. Ao acessar o aplicativo da instituição, o usuário encontrava opção de CDB com retorno de 140% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), enquanto seus concorrentes oferecem retorno próximo a 100%. Para a PF, porém, a empresa estaria fabricando carteiras de crédito. Em outras palavras, estaria vendendo algo inexistente.
Liquidação ocorre em meio a prisão de dono do banco
A decretação da liquidação extrajudicial ocorre ao mesmo tempo em que Polícia Federal (PF) realiza a Operação Compliance Zero. Nela, foram cumpridos sete mandados de prisão, incluindo o do dono do Banco Master, Daniel Bueno Vorcaro.
Daniel iria a Dubai em um jatinho particular. A PF, porém, já monitorava o empresário belo-horizontino, e o interceptou no aeroporto de Guarulhos. A defesa nega que a viagem seria uma tentativa de fuga, afirmando que Vorcaro iria ao país árabe tentar a venda do banco.
A Operação Compliance Zero apura uma suposta fabricação de carteiras de crédito na empresa. Em outras palavras, o Banco Master estaria vendendo promessas de pagamento que não conseguiria cumprir. Entre os crimes apurados estão os de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.
A Gazeta do Povo entrou em contato com o Banco Master e aguarda retorno.