Metrô Curitiba
Projeto do metrô de Curitiba foi sepultado em 2014 pelo Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR). (Foto: Unsplash)

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O projeto do metrô de Curitiba está sepultado desde 2014, quando o Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR) suspendeu o processo licitatório do que viria a ser uma ligação subterrânea entre as regiões norte e sul da capital paranaense. Desde então, o assunto havia entrado para o rol das lendas da cidade.

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Só que mais de 20 anos depois, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está sugerindo ressuscitar o metrô curitibano. O projeto é um dos 187 que foram mapeados pelo BNDES e pelo Ministério das Cidades dentro de um programa chamado "Estudo Nacional de Mobilidade Urbana" (ENMU) e que seriam necessários para ampliar e melhorar o transporte público coletivo de média e alta capacidade nas 21 maiores regiões metropolitanas do Brasil.

Esse estudo foi feito por um consórcio liderado pela consultoria Bain Company em conjunto com as empresas Logit, Oficina, TYLin e pelo escritório de advocacia Machado Meyer. Por enquanto, o BNDES não detalhou como seria o metrô curitibano.

Nas informações divulgadas até agora, seria uma linha com 20,4 quilômetros de extensão que atenderia cerca de 290 mil embarques por dia útil. O custo total previsto seria de R$ 17,064 bilhões.

O montante é superior à soma dos outros sete projetos sugeridos pelo estudo para a Região Metropolitana de Curitiba: R$ 15,049 bilhões. Nesse pacote estão VLT (veículo leve sobre trilhos) e BRT (transporte rápido por ônibus), este último conhecido como expresso e já largamente usado na cidade:

  • Implantação do VLT Expresso Metropolitano: R$ 2,929 bilhões
  • Implantação do VLT Norte Sul: R$ 9,18 bilhões
  • Extensão do BRT Linha Verde - Colombo-Fazenda Rio Grande: R$ 1,262 bilhão
  • Implantação do BRT Piraquara - Terminal Pinhais-Terminal Piraquara: R$ 547 milhões
  • Implantação do BRT Roça Grande - Terminal Roça Grande-Terminal Santa Cândida-Atuba: R$ 257 milhões
  • Implantação do BRT São José dos Pinhais - Terminal Centenário-Terminal Afonso Pena: R$ 304 milhões
  • Implantação do BRT Araucária - Terminal Pinhais-Terminal Araucária Central: R$ 570 milhões

Metrô de Curitiba estava previsto para a Copa de 2014

Entre 2002 e 2014, o tema metrô acompanhou o dia a dia de Curitiba. Até então referência com seus ônibus expressos — os BRTs de hoje —, a capital paranaense conviveu com idas e vindas sobre o projeto do modal subterrâneo. Durante as gestões dos ex-prefeitos Cassio Taniguchi, Beto Richa, Luciano Ducci e Gustavo Fruet, o metrô recebeu esperanças e recursos.

Estima-se que a cidade tenha gastado mais de R$ 25 milhões com estudos e projetos. Por pouco não recebeu um repasse de R$ 1,8 bilhão da União para bancar parte das obras, o que acabou cancelado com a licitação suspensa pelo TCE-PR em 2014.

Na gestão de Beto Richa, em 2009, uma empresa chegou a ser contratada para fazer estudos de engenharia. Placas com os dizeres “Metrô Curitibano” foram espalhadas nos locais onde equipes faziam levantamentos técnicos para traçar o melhor percurso para conectar os bairros Santa Cândida e Cidade Industrial (CIC). Isso foi o mais próximo que Curitiba esteve do metrô.

A estimativa inicial era de que a obra estaria pronta para a Copa do Mundo de 2014. O edital para licitação, porém, saiu somente dois dias antes da abertura do Mundial, com algumas alterações em relação ao projeto original, incluindo a redução da extensão. Em 22 de agosto, antevéspera da abertura dos envelopes com as propostas, o TCE-PR suspendeu a licitação. No ano seguinte, a prefeitura tentou relançar o edital, mas isso não ocorreu.

Na eleição municipal de 2024, o tema metrô foi colocado novamente no debate público devido à proposta do então candidato Luciano Ducci — ele era vice de Beto Richa e virou prefeito quando Richa se elegeu governador do Paraná em 2010. Ducci foi um dos entusiastas do metrô, que foi ignorado pelos demais candidatos no pleito do ano passado.

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