Brasil realizará seu primeiro lançamento comercial de foguete em 22 de outubro

Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) é uma das bases mais privilegiadas do mundo para a realização de lançamentos espaciais, devido à sua localização geográfica próxima à Linha do Equador

  • Por Jovem Pan
  • 14/11/2025 00h00
Reprodução/FAB hanbit

O Brasil dará um grande passo na corrida espacial no próximo dia 22 de outubro, quando realizará seu primeiro lançamento comercial de um veículo espacial a partir do território nacional. O evento, que acontecerá no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, marca a entrada do Brasil no competitivo mercado global de lançamentos espaciais, oferecendo novas oportunidades de geração de renda e atração de investimentos.
O lançamento faz parte da Operação Spaceward 2025, uma missão responsável pelo lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa Innospace. O foguete, que levará ao espaço cinco satélites e três experimentos, foi projetado para testar a interação entre as cargas úteis e o veículo lançador, garantindo a compatibilidade e a segurança necessárias para o lançamento.

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) é uma das bases mais privilegiadas do mundo para a realização de lançamentos espaciais, devido à sua localização geográfica próxima à Linha do Equador. Isso confere uma vantagem estratégica, pois os lançamentos na região aproveitam a rotação da Terra, tornando a rota para o espaço mais curta e econômica, com menor consumo de combustível e maior capacidade de carga útil.
Com uma área equivalente a 40% do tamanho da cidade de São Paulo, o CLA possui 62 mil hectares, dos quais apenas 15% são ocupados por instalações de lançamento.

A região também se destaca por sofrer pouco com fenômenos climáticos extremos, como terremotos e tornados, o que contribui para a segurança das operações. A base está localizada na cidade de Alcântara, a cerca de 30 quilômetros de São Luís, e é acessada principalmente por embarcações. Desde sua inauguração, há mais de quatro décadas, o CLA foi responsável por mais de 500 lançamentos espaciais.

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O que está em jogo para o Brasil

O lançamento do HANBIT-Nano é um marco significativo, não apenas para o Brasil, mas também para a indústria espacial global. Embora a corrida espacial tenha sido inicialmente dominada por agências governamentais, nas últimas décadas a iniciativa privada, com nomes como Elon Musk e Jeff Bezos, tem desempenhado um papel cada vez mais importante. O Brasil, que foi ultrapassado por países como China e Índia, vê na expansão de sua capacidade de lançamentos espaciais uma chance de recuperar o terreno perdido e estimular o desenvolvimento de tecnologias essenciais em diversas áreas, como telecomunicações, monitoramento por satélites e até aviação.

A missão de 22 de outubro servirá para garantir que os satélites e experimentos embarcados estejam devidamente integrados ao veículo lançador e preparados para o voo. De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), que coordena a operação, a fase de integração, iniciada em 10 de outubro, é crucial para realizar os testes e verificações que asseguram o funcionamento correto de todos os equipamentos.

A base de Alcântara tem uma história importante, mas também marcada por tragédias. Em 22 de agosto de 2003, ocorreu um dos acidentes mais letais da história aeroespacial brasileira, quando 21 pessoas, incluindo técnicos e engenheiros do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), perderam a vida em um incêndio na Torre Móvel de Integração (TMI). O acidente aconteceu três dias antes do lançamento do foguete VLS-1, um marco para o Brasil, mas que nunca se concretizou.

O episódio é relembrado até hoje como um alerta para a segurança das operações na base, mas também como um impulso para que o Brasil continue investindo na evolução de suas tecnologias espaciais. O podcast Alcântara: O desastre espacial brasileiro, do Estadão, conta com mais detalhes a história do acidente e as consequências para o programa espacial nacional.

A realização do primeiro lançamento comercial de um foguete a partir do Brasil marca uma nova fase para o setor espacial brasileiro. O país passa a integrar um grupo seleto de nações com capacidade de realizar lançamentos espaciais comerciais, o que abre portas para parcerias com empresas internacionais e o fortalecimento da indústria espacial local.

Especialistas destacam que o domínio da tecnologia espacial é essencial para o desenvolvimento de diversas áreas estratégicas, como monitoramento ambiental, telecomunicações e até a indústria da defesa. Além disso, o Brasil tem o potencial de se tornar um player importante no mercado global de lançamentos, atraindo investimentos e novos negócios. O lançamento do HANBIT-Nano será o primeiro de muitos, e com ele, o Brasil dá um passo importante na consolidação de sua presença no setor espacial mundial.

*Com informações do Estadão Conteúdo