Jorge Jesus: hora de deixar o presente brilhar

Jesus poderia ser mais cauteloso e elegante, evitando comparações tão diretas

  • 29/12/2025 13h20
Reprodução/Sic Notícias Jorge Jesus dando entrevista coletiva Jesus poderia ser mais cauteloso e elegante, evitando comparações tão diretas

Jorge Jesus foi, sem dúvida, um dos treinadores mais impactantes da história do Flamengo. Seu trabalho em 2019 marcou época, com títulos expressivos e um futebol que encantou a todos nós.

Depois dele, é natural que a imprensa recorra ao “Mister” sempre que o Flamengo vive altos ou baixos – afinal, ele é carismático, articulado e tem autoridade inquestionável quando o assunto é o Rubro-Negro.

Mais uma vez, em entrevista recente, após uma vitória do Al-Nassr na Arábia Saudita, Jorge Jesus foi questionado sobre o Flamengo atual, comandado por Filipe Luís.

Ele elogiou o clube, disse que acompanha todos os jogos e mandou felicitações à Nação: “Continuam sendo os melhores”.

Mas, ao ser perguntado se o time de 2025 – que conquistou Carioca, Supercopa, Brasileirão e Libertadores – superou o de 2019, respondeu um seco “Não”.

É compreensível o orgulho pelo legado que construiu. Ninguém discute a grandeza daquele time. Mas essa recorrência em comparações diretas já começa a cansar um pouco.

O problema, a meu ver, não está na imprensa procurá-lo – é parte do jogo. O ponto é a resposta: como ex-treinador que conhece como poucos o peso da camisa rubro-negra, a pressão constante da torcida e a fragilidade da profissão, especialmente em momentos delicados como renovação de contrato. Filipe Luís, que foi pupilo de Jesus em 2019, acabou de liderar uma temporada vitoriosa, com quatro títulos importantes.

No exato momento em que o Flamengo negociava (e acabou de anunciar) a renovação com ele até 2027, surge mais uma declaração que projeta uma sombra desnecessária sobre o trabalho atual.

Jesus poderia ser mais cauteloso e elegante, evitando comparações tão diretas. Assim, preservaria seu legado sem jogar lenha na fogueira de debates que só desgastam o treinador no cargo.

É humano ter orgulho do próprio trabalho – e ele tem todo direito a isso. Mas a verdadeira grandeza também está em saber o momento de recuar um passo, permitindo que o presente brilhe sem interferências constantes do passado.

Para quem declara “amar imensamente” o Flamengo, essas intervenções, mesmo involuntárias, acabam sendo inoportunas.

Jorge Jesus sabe melhor do que ninguém o quanto comparações pesam no ambiente de um gigante como o Flamengo.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.