A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte: Europa se mobiliza contra ameaça russa (Foto: EFE/Pablo Barrigós)

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A Europa demonstrou pouca reação e uma certa fragilidade até agora com as recentes incursões russas em territórios da Otan, que pegaram diversos países de surpresa nos meses passados. No entanto, um projeto inovador tem ganhado fôlego e promete repelir ameaças no espaço aéreo: um muro de drones.

A proposta europeia se assemelha ao Domo de Ferro de Israel (Iron Dome, em inglês) e ao projeto do Domo Dourado anunciado pelo governo americano (Golden Dome, em inglês).

Neste domingo, o Reino Unido anunciou o envio de ajuda e equipamentos militares à Bélgica após invasões de drones em seu espaço aéreo atribuídas à Rússia que causaram o fechamento temporário do aeroporto de Bruxelas.

O plano foi compartilhado com líderes europeus pouco depois dos primeiros acontecimentos - Polônia, Romênia, Dinamarca e Estônia foram alvos das violações de Moscou - quando os 27 países da União Europeia se reuniram em Copenhague para falar sobre defesa, no início de outubro.

Antes disso, a presidente do bloco executivo, Ursula von der Leyen, havia sugerido a ideia de uma “vigilância na fronteira leste” da Europa, incluindo uma barreira antidrones, em um discurso anual sobre o estado de união. Rapidamente, a proposta ganhou um senso de urgência entre os aliados e a previsão é que o sistema esteja pronto até 2027 para um possível conflito com os russos.

A Europa também avalia reforçar as fronteiras orientais e a construção de uma espécie de escudo espacial em seu projeto de expansão da defesa. "O perigo não desaparecerá mesmo com o fim da guerra na Ucrânia. É evidente que precisamos reforçar nossas defesas contra a Rússia", disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, no mês passado.

Diferentemente do que sugere o nome, uma parede ou muro de drones não seria uma barreira física, mas sim uma complexa rede de sistemas que detectam e interceptam a entrada de objetos invasores no espaço aéreo. Apesar das autoridades não terem divulgado detalhes até o momento, possivelmente serão utilizadas ferramentas como radares, bloqueadores de sinal e sensores acústicos, além da troca constante de informações entre os países.  

A Ucrânia se tornou o principal campo de estudo para avaliar estratégias em um possível confronto com a Rússia nos próximos anos. Consultores que atuam diretamente no conflito do leste europeu se tornaram fontes cruciais para entender a capacidade militar de Moscou.

O próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sinalizou no mês passado que está ajudando os demais países europeus a entender a guerra com drones, visto que até poucos anos os equipamentos não eram comuns ou esperados no cenário de guerra.

A corrida armamentista era mais ligada a ameaças aéreas de alta velocidade, como mísseis de aeronaves, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro. Agora, os confrontos estão mudando com equipamentos de baixo custo e de maior complexidade de detecção.

Uma das questões a serem enfrentadas, no entanto, diz respeito ao custo dessa muralha invisível. Robert Tollast, pesquisador da equipe de guerra terrestre do Royal United Services Institute (RUSI), um centro de estudos sediado em Londres, apontou: "Se você estiver usando o ar, e mísseis ar-ar do seu caça para abater o drone, então você está usando um míssil que custa um milhão de dólares para derrubar um drone que custa 10 mil”.

Apesar do alto custo, a Europa parece disposta a seguir o conselho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e investir mais em sua própria defesa diante de uma crescente ameaça do regime de Vladimir Putin a países do continente.

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