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Eddie Murphy está na história do cinema como um astro da comédia, capaz de interpretar, com a mesma graça, múltiplos personagens. Outro grande feito do americano foi preservar a vida pessoal mesmo ao longo de quase 50 anos sob os holofotes de Hollywood. Essa trajetória de sucesso e discrição é mostrada em detalhes em Eu, Eddie, documentário da Netflix.
A produção, dirigida por Angus Wall, expõe a pessoa por trás da figura icônica do showbiz. Em quase duas horas de duração, a obra percorre a carreira do comediante e ator desde as noites de stand-up em Nova York, passando pelo início na televisão no programa de comédia Saturday Night Live, na década de 80, até explodir no cinema como o policial esperto Axel Foley no filme Um Tira da Pesada, de 1984.
Um dos trunfos de Eu, Eddie é ir além de retratar apenas o talento de Murphy. O documentário também examina as complexidades de sua carrreira como artista negro. Conforme comenta o próprio Murphy no filme: “Por anos, era um só o cara negro que chegava aos grandes filmes”.
Outra força da produção é a participação de figuras fundamentais da comédia e de Hollywood. Grandes nomes da indústria ressaltam a importância e a influência de Murphy, como Adam Sandler, Chris Rock, Dave Chappelle, Jamie Foxx e Jerry Seinfeld.
Veja quatro pontos de destaque do filme:
Assassinato do pai
O assassinato do pai de Eddie Murphy aparece como uma das passagens mais duras. O ator relembra como a ausência abrupta do pai marcou sua formação. O astro destaca que a perda precoce ajudou a moldar sua sensibilidade e a buscar no humor uma forma de sobrevivência. Ao mesmo tempo, o documentário exalta a figura do padrasto, Vernon Lynch. A relação com Lynch surge como uma espécie de “redenção familiar” e mostra como vínculos positivos podem exercer um papel transformador. “Foi uma bênção ter um homem como ele na minha vida. O exemplo que ele deu, o que eu vi nele, sinto que sou o homem que sou hoje por causa dele”, explicou Murphy, em entrevista recente.
Longe das drogas
Um dos temas mais marcantes do documentário é a forma como Eddie Murphy conseguiu escapar das armadilhas clássicas de Hollywood, especialmente o ciclo de drogas e álcool. O filme mostra que, apesar da fama e do assédio constante da indústria, Murphy manteve uma disciplina. Ele afirma que sempre teve “pavor” de perder o controle e que testemunhar de perto o declínio de outros comediantes serviu como alerta. A produção explora como sua rotina de trabalho intensa, aliada a uma vida doméstica relativamente preservada, funcionou para conter os excessos.
O astro negro
Em Eu, Eddie, o ator e comediante detalha o que significou se tornar o primeiro grande astro negro em Hollywood. O filme mostra que sua ascensão não ocorreu apenas diante das câmeras, mas também nos bastidores. Murphy também rompeu barreiras exigindo papéis mais complexos, negociando salários equivalentes aos de astros brancos e participando ativamente de decisões criativas. Ele explica que, nos anos 1980, sua presença como protagonista comercial era uma exceção. O ator revela que sentia a responsabilidade de “não errar”, pois qualquer deslize seria usado para justificar o fechamento de portas para outros talentos negros.
Um cara família
O filme mostra que, apesar da fama global, o ator sempre priorizou a família como eixo central de sua identidade. O documentário mostra momentos íntimos ao lado dos filhos (são dez, com cinco mulheres diferentes) e revela sua rotina doméstica. Depoimentos de parentes e amigos reforçam a imagem de um homem dedicado, protetor e atento, alguém que fez questão de criar um ambiente estável após crescer em meio a traumas familiares. A obra enfatiza que Murphy evita festas e excessos justamente para preservar essa estrutura. “Simplesmente aconteceu. Nunca imaginei que teria dez filhos, mas agora é a melhor coisa do mundo. Se você pode sustentar tantos filhos, deve ter quantos puder. Isso é divertido. Meus filhos são todas pessoas decentes e gosto de pensar que eles pegaram um pouco disso de mim”, declarou Murphy em entrevista à revista People.
- Eu, Eddie
- 2025
- 103 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
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