O senador Flávio Bolsonaro é o pré-candidato do PL a presidente da República
Mesmo cedo, mercado vê Flávio como nome da direita, reage mal por competitividade, mas tende a apoiá-lo por preferir Guedes a Haddad. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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É claro que ainda é muito cedo para cravar se o senador Flávio Bolsonaro será o candidato da direita, principalmente em um país onde até o passado é incerto, como já dizia o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. Mas, por enquanto, o candidato da direita é o filho de Jair Bolsonaro.

Após o anúncio de seu nome, o mercado não reagiu bem: a bolsa caiu fortemente e o dólar subiu. Menos por suas ideias e mais por sua capacidade competitiva. O mercado acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seria um nome mais competitivo para derrotar Lula, devido à sua menor rejeição.

No entanto, permanecendo Flávio Bolsonaro na disputa, o mercado deverá apoiá-lo. Antes que alguém diga que a Faria Lima é pró-Lula, é necessário fazer um esclarecimento sobre esse clichê que se banalizou.

O mercado financeiro é composto por diversas pessoas e instituições, como corretoras, fundos, bancos, economistas, analistas, assessores, consultores e investidores individuais. Na sua maioria, são adeptos de ideais liberais, mais pró-mercado, evidentemente contrários às ideologias de esquerda e do PT.

Acontece que, durante as eleições, alguns economistas famosos e gestores de fundos badalados apoiaram a candidatura de Lula contra Bolsonaro, dando a impressão de que o mercado financeiro como um todo seria pró-PT, o que não é verdade.

Exceções à parte, o mercado majoritariamente deverá apoiar Flávio Bolsonaro por uma simples razão: investidores e analistas preferem Paulo Guedes a Haddad. O motivo não é ideológico, mas racional

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O mercado entende que políticas econômicas mais liberais são melhores para o país — geração de empregos, crescimento econômico e controle inflacionário —, o que significa aumento de lucros nas empresas, com possibilidade de ganhos no mercado de capitais pela valorização dos ativos ou maior distribuição de dividendos.

É verdade que a bolsa tem subido atualmente. Entretanto, o movimento se dá mais pela entrada de capital externo no país, em razão de um rebalanceamento de investidores internacionais, que vêm migrando seus investimentos para economias emergentes desde o anúncio da guerra tarifária e pelo receio de uma bolha de IA (inteligência artificial) nos EUA.

Além disso, não dá para descartar a hipótese de que a alta da bolsa embuta uma expectativa de mudança de governo. Tanto é verdade que pesquisas que mostram desaprovação do governo Lula são bem recebidas pelo mercado, com impactos positivos no preço das ações.

A razão para o mercado preferir um candidato de direita contra Lula é simples: Paulo Guedes é muito melhor do que Fernando Haddad. Basta comparar a gestão de ambos.

Com Guedes, houve a aprovação de reformas estruturais — Lei de Liberdade Econômica, independência do Banco Central e reforma da Previdência —, manutenção do teto de gastos e maior responsabilidade fiscal, mesmo em um contexto de pandemia. Diga-se de passagem, essas reformas trazem impactos positivos por anos, beneficiando inclusive o governo atual.

Em sentido contrário, o governo Lula 3 é caracterizado pela ausência de reformas estruturais e de um projeto para o país. Pelo contrário, foca apenas em medidas de aumento de impostos e exclusão de gastos da meta do resultado primário, como se isso fosse capaz de mudar a trajetória da dívida pública.

Mesmo a aprovação da reforma tributária não pode ser creditada ao atual governo, até porque ela partiu do Parlamento ainda em 2019. Além disso, como já defendido nesta coluna, trata-se de uma reforma que traz aumento de impostos (o maior IVA do mundo), prejudicando sobretudo o setor de serviços (energia, telefonia, transporte etc.).

Com tanta disparidade entre um governo e outro, a racionalidade vai imperar, e o mercado financeiro deverá apoiar Flávio Bolsonaro contra mais quatro anos de governo do PT.