Trump anuncia possível conversa com Maduro
Rumores de diálogo acontecem em um momento de grande mobilização militar norte-americana no Caribe e no Pacífico, que aumentou as tensões com Caracas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mencionou no domingo (16) a possibilidade de um diálogo com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em um momento de grande mobilização militar no Caribe e no Pacífico, que aumentou as tensões com Caracas. Desde o início da ofensiva americana em setembro com navios de guerra, que oficialmente é uma campanha contra o narcotráfico, a situação regional deteriorou. Caracas afirma que as operações têm como objetivo derrubar o presidente Maduro.
“Poderíamos ter algumas discussões com Maduro e ver o que acontece”, declarou Trump aos jornalistas no aeroporto internacional de Palm Beach, na Flórida. “Eles gostariam de conversar. O que isso significa? Você me diz, eu não sei… Eu conversaria com qualquer um”, acrescentou o presidente americano.
Washington ofereceu US$ 50 milhões (R$ 264 milhões na cotação atual) pela captura de Maduro, acusado de liderar o suposto “Cartel de los Soles”. Especialistas questionam a existência da organização e descrevem mais um sistema de corrupção que beneficia o crime organizado.
Pouco antes das declarações de Trump no domingo (16), o secretário de Estado, Marco Rubio, havia anunciado que seu governo planeja classificar o “Cartel de los Soles” como uma organização terrorista estrangeira.
“O ‘Cartel de los Soles’ e outras ‘FTO’ (organizações terroristas estrangeiras) designadas, incluindo o Trem de Aragua e o Cartel de Sinaloa, são responsáveis pela violência terrorista (…), assim como pelo tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa”, declarou Rubio em um comunicado.
A designação será efetiva a partir de 24 de novembro.
“Nem Maduro, nem seus cúmplices representam o governo legítimo da Venezuela”, acrescentou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.
Ele também afirmou que os Estados Unidos “continuarão utilizando todas as ferramentas disponíveis para proteger nossos interesses de segurança nacional e negar fundos e recursos aos narcoterroristas”.
Em julho, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra o ‘Cartel de los Soles’ após classificá-lo como uma entidade Terrorista Global Especialmente Designada por supostamente fornecer “apoio material” a outros grupos criminosos da América Latina.
Desde o início de sua mobilização no Caribe e no Pacífico, as forças americanas mataram pelo menos 83 pessoas acusadas de transportar drogas em águas internacionais, segundo uma contagem da AFP baseada em dados públicos.
O governo dos Estados Unidos não apresentou evidências de que as pessoas atacadas fossem de fato narcotraficantes. A proximidade de navios de guerra e do porta-aviões USS Gerald Ford com águas venezuelanas aumentou a tensão.
Maduro classificou no sábado (15) o anúncio de Washington de novos exercícios militares conjuntos com Trinidad e Tobago como “irresponsáveis” e disse que é necessário “fazer tudo pela paz”, enquanto citava um trecho da canção “Imagine”, de John Lennon.
Trump, que autorizou operações clandestinas da CIA na Venezuela, deu indicações contraditórias sobre sua estratégia, embora tenha afirmado na sexta-feira que “de certa forma” já decidiu os próximos passos. “Não posso dizer o que é, mas avançamos muito com a Venezuela no que diz respeito a deter o fluxo de drogas”, declarou.
*Com informações da AFP
Publicado por Nícolas Robert

