
Dizem que a bolsa está bombando, que o dólar está lá embaixo, mas o que nos espera? Estamos a 40 semanas do início da campanha eleitoral. O presidente Lula quer ser candidato, mas ele está bem enrolado, principalmente pela economia. Ele está dando presentes com o dinheiro dos impostos de todo mundo – é Bolsa Família, bolsa-gás, bolsa-eletricidade e muitas outras bondades –, mas nem essa isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil vai resolver, porque a questão da renda está desequilibrada: muita gente ganha muito e paga pouco, e muita gente ganha pouco e paga muito.
Isso foi lembrado em uma inteligente entrevista de página inteira que o Correio Braziliense fez com Marcos Lisboa, que foi secretário nacional de Política Econômica no primeiro governo Lula – ou seja, é uma pessoa que conhece Lula, conhece o PT, conhece o governo por dentro. O entrevistador perguntou por que o orçamento do ano que vem está cada vez mais apertado, e Lisboa explicou que há despesas obrigatórias, que o governo gasta muito e ainda resolveu aumentar a despesa. Então, o entrevistador, Raphael Pati, continua: “Na sua avaliação, o arcabouço fiscal já nasceu como um fracasso?” E Marcos Lisboa respondeu que sim. “As regras que vieram com a PEC da Transição e com o arcabouço não deixavam claro, porque não se faziam as contas, que ele era inconsistente. Na semana em que saiu o arcabouço, eu e o Marcos Mendes fizemos um longo artigo mostrando todas as contas, e não tem como. Você pode aumentar as receitas o quanto quiser [aumentar impostos, ele quer dizer] e não vai comprimir as despesas discricionárias”, ele afirmou.
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E Marcos Lisboa continua: “O que o governo tem feito? O governo tem usado uma contabilidade criativa [Dilma sofreu impeachment por isso] para algumas despesas não fazerem parte do limite e mascarar o tamanho do problema. O déficit primário que o governo anuncia hoje, eu confesso que nem eu olho mais [imaginem, um especialista que foi secretário de Política Econômica do governo Lula dizendo isso] porque é tão distante do déficit primário verdadeiro que perdeu o sentido. Inclusive, as contas do Tesouro são até diferentes das contas do Banco Central. Então, você está usando truques para dizer que está com o arcabouço, quando, na verdade, está muito distante. O arcabouço já nasceu morto”, completou.
Isso é assustador. Nós vemos que a contabilidade fiscal está um desastre. O que é que Lula vai dizer na campanha eleitoral, daqui a 40 semanas? E não é só isso: ele vai ter de explicar também toda essa preferência por bandidos contra a polícia, todas as críticas à ação da polícia carioca. E até lá ele estará mais isolado na América Latina. Já terão sido realizadas eleições no Chile e, segundo as pesquisas, a esquerda vai perder. Vão sobrar só o Gustavo Petro, da Colômbia, e o Nicolás Maduro, da Venezuela – isso se o porta-aviões Gerald Ford, que já está por ali, não tiver tirado Maduro.
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Em Belém, gente desfila vestida de bicho; no interior, o crime organizado desfila impune
Lula está na COP 30 e eu recebi fotografias assustadoras de cidades do interior do Pará. Por toda parte nos muros e paredes das cidades estão duas letrinhas escritas em vermelho: CV. E as pessoas não se queixam apenas dos bandidos, mas também das autoridades, do Estado. O trabalhador, o operário, o que vende, o que produz, estão todos no meio do fogo. Então, é meio hipócrita tudo aquilo que estão desfilando em Belém, gente vestida de bicho, parece uma ficção, como é toda essa argumentação do clima, se não respeitarem a natureza, que é o sol.
Agora, falam de um fundo para as florestas. O que vão fazer, plantar florestas? Como vai funcionar o fundo? O dinheiro vai para onde? Nós sabemos: vai para as ONGs que enchem a Amazônia e também estão mais fortes que o Estado brasileiro. Não sei como é que vai ser: Comando Vermelho e PCC contra as ONGs? Ou vão se unir? O que vai acontecer na Amazônia? É uma vergonha para nós; durante décadas, martelamos essa ficção de que países estrangeiros estavam de olho na Amazônia. Enquanto isso, perdemos a Amazônia para a bandidagem e para as ONGs que levando dinheiro público – ou, melhor dizendo, dinheiro do público.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
