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“Como pode um peixe vivo viver fora da água fria?”
(Cantiga popular brasileira)
Era uma vez, nas águas quentes do Brasil, uma pequena e vibrante Tilápia. Ela não era apenas um peixe, mas o coração pulsante de rios e açudes, a esperança de um milhão de famílias. Por uma década abençoada, a Tilápia foi a rainha da prosperidade, o sustento de produtores em lugares tão distintos quanto o sertão do Ceará e os campos do Paraná. Onde a Tilápia nadava, a riqueza florescia — dez vezes mais abundante do que em qualquer campo de milho. Ela era a proteína barata, o sonho acessível na mesa dos mais pobres.
No entanto, a felicidade da Tilápia começou a incomodar os Grandes Tubarões do oceano, criaturas imensas e poderosas que viam na vitalidade da Tilápia uma oportunidade de banquete para si.
O primeiro sinal da tempestade veio sob a forma de uma “preocupação ecológica”. Um dia, a Comissão das Conchas e Corais, um conselho de sábios marinhos ligados à Ministra Vovó Dinossauro, declarou, com pompas e leis, que a Tilápia era uma “espécie exótica invasora”.
A Tilápia, inocente e trabalhadora, ficou perplexa. “Invasora?”, questionou ela. “Mas eu fui trazida para cá para ajudar, para alimentar! E a ciência das Algas e Plânctons já provou que meus sistemas são seguros!”. Mas a voz da pequena Tilápia era um sussurro contra o rugido dos Tubarões.
As novas leis, impostas em nome da ecologia, eram um fardo pesado. Para cada pequena Tilápia cultivada, o produtor teria de gastar fortunas em testes de DNA, em relatórios sobre a saúde dos corais e em certificações caríssimas. O custo anual era tão alto que superava o lucro de qualquer pequeno produtor. A conta, para o reino da Tilápia, chegava a bilhões de escamas de ouro por ano.
“Assim não podemos mais viver!”, indignaram-se os pequenos produtores. Seus tanques, antes cheios de vida, começavam a se esvaziar, e a Tilápia, antes farta, tornava-se um luxo raro. O preço pelo qual seria vendida seria tão alto que não caberia mais na mesa do povo simples. Noventa e oito por cento dos pequenos piscicultores estavam à beira da ruína.
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Os Tubarões observavam, com um sorriso de dentes afiados.
Mas a parte mais sombria da fábula ainda estava por vir. No exato momento em que os pequenos produtores de Tilápia no Brasil eram sufocados pelas novas leis, o Grande Tubarão-Rei JBS, que havia investido em águas distantes, como as do Vietnã, anunciou uma novidade.
Com uma excepcional sincronia, assim que apareceram as normas contra a Tilápia brasileira, ele já havia fretado um navio com Tilápias vietnamitas. E o mais surpreendente: elas eram vendidas por um preço 29% mais baixo do que as Tilápias brasileiras. Por que tão baratas? Porque as Tilápias vietnamitas não teriam de pagar as mesmas taxas e impostos ecológicos.
O Golpe da Tilápia revelou-se então em sua terrível verdade. Era uma armadilha ecológica na forma de regulamentação severa que, sob o pretexto de proteger o ambiente, esmagava o pequeno produtor brasileiro com custos insuportáveis e facilitava a vida dos Tubarões.
O objetivo não era proteger o meio ambiente, mas transferir o mercado para os Tubarões. A Tilápia, antes símbolo de inclusão e sustento, tornar-se-ia uma lenda do passado, um conto de um tempo em que os peixes nadavam livres, sem o peso da burocracia. Os grandes Tubarões, como a JBS, devorariam o mercado, monopolizando as prateleiras com Tilápias do longínquo Vietnã, enquanto os pequenos produtores brasileiros afundariam no esquecimento.
E assim, a fábula da Tilápia e do Tubarão se tornou um lamento, um aviso sobre como a ganância e a astúcia podem se disfarçar de boas intenções para cometer um verdadeiro crime contra o desenvolvimento, a segurança alimentar e, acima de tudo, contra os pequenos, mas valorosos, produtores brasileiros.
Mais uma obra do PT ― Partido dos Tubarões.
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