Esperidião Amin (Relator), Otto Alencar (presidente da CCJ) e Alcolumbre são os protagonistas do PL da dosimetria no Senado.
Esperidião Amin (Relator), Otto Alencar (presidente da CCJ) e Alcolumbre são os protagonistas do PL da dosimetria no Senado. (Foto: Carlos Moura/Agência Senado; Edilson Rodrigues/Agência Senado; Geraldo Magela/Agência Senado; )

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pautou para esta quarta-feira (17) o projeto de lei da dosimetria. Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a proposta está sob relatoria do senador Esperidião Amin (PP-SC) e deve ser votada no mesmo dia.

Presidente da CCJ e responsável pela designação de Amin como relator, o senador Otto Alencar (PSD-BA) apresentou uma emenda para que os benefícios da lei se apliquem apenas aos réus do 8 de janeiro de 2023, excluindo, portanto, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os demais réus das ações sobre suposto plano de golpe de Estado. A emenda já está nas mãos de Esperidião, para análise.

O relator ainda não apresentou seu parecer, nem apresentou requerimento de urgência, mas já comentou sobre a possibilidade de inclusão de uma anistia no texto:  "Não posso afirmar que vai entrar no meu texto, mas acho que é muito provável que seja apresentada alguma emenda pedindo para incluir a anistia."

A anistia era a ideia original da proposta. Após a urgência aprovada na Câmara, porém, o projeto de lei passou para as mãos do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP). O relator se reuniu com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e com o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), ocasião em que anunciaram que o projeto, outrora chamado de PL da anistia, seria rebatizado para PL da dosimetria.

O novo nome já adiantou a ideia de Paulinho: o texto impede a soma dos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado ocorridos no mesmo contexto. Com isso, a pena de Bolsonaro passaria de 27 anos e três meses para dois anos e quatro meses.

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Em entrevista à CNN Brasil, Esperidião disse que não conversou com Alcolumbre sobre a data e que está aguardando emendas até o prazo desta terça-feira (16) para concluir o seu relatório. "Pretendo analisar todas as propostas", comprometeu-se. Ele disse ainda que conversou com os senadores Sergio Moro (União-PR), Alessandro Vieira (MDB-SE), Otto Alencar e Rogério Marinho (PL-RN) sobre o risco da proposta beneficiar outros criminosos, para além dos réus do 8 de janeiro.

"Uma coisa eu asseguro: nós não aprovaremos, e eu não apresentarei no relatório, qualquer texto que contenha contrabando", afirmou Esperidião, ressaltando que deve reduzir o escopo aos afetados pelas condenações referentes às manifestações na Praça dos Três Poderes. Otto já alertou que o texto poderia beneficiar condenados por crimes como estupro, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Sobre esse risco, o relator diz que já trabalha para retirá-lo da proposta. "Este risco, desde quinta-feira [11] à noite, nós estamos cuidando para que ele seja eliminado."