
Mais um vexame internacional da COP 30, em Belém. Segundo a Deutsche Welle, o chanceler – ou seja, o chefe de governo – da Alemanha, Friedrich Merz, ao voltar para a Alemanha, perguntou aos jornalistas alemães que voltavam também: “quem de vocês gostaria de ficar por aqui [em Belém]?” Ninguém levantou a mão. “Todos ficaram aliviados por termos voltado para a Alemanha, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse ele. Imaginem só a situação, o choque dos alemães diante do esgoto a céu aberto, do calor sem ar-condicionado, da falta de internet, da água que entrava nos lugares quando chovia, dos assaltos – e isso com Garantia da Lei e da Ordem!
Vale tudo para não depor na CPMI do INSS
O que nos choca é ver o que aconteceu na segunda-feira: havia dois convocados para depor na CPMI do gigantesco e cruel roubo de aposentados e pensionistas do INSS; um chegou com habeas corpus e outro nem foi, mandou atestado médico. A sessão foi cancelada. Mas o presidente da CPI, senador Carlos Viana, acionou uma junta de médicos do Senado para conferir o atestado médico, e eles concluíram que não havia nada impedindo o ex-coordenador de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jucimar Fonseca da Silva, de depor. Ele não tinha nada – a não ser muitas ligações, principalmente com a Contag. O convocado que levou o habeas corpus foi Thiago Schettini, também ligado ao “Careca do INSS”. Não sei por que ninguém quer depor. Todos têm medo de surgir alguma coisa muito grande, medo de dizer algo que entregue algo ou alguém graúdo.
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A polícia prendeu alguns dos que não quiseram depor. Deve haver muita coisa, muita gente envolvida, porque o esquema foi enorme. Mais de R$ 6 bilhões tirados de mais de 2 milhões de pobres, idosos, que não entendiam bem o que estava acontecendo, enquanto os bandidos planejavam. “É bom tirar pouco, que aí não vão notar, e vamos acumulando, pagando propina para os funcionários que estão no meio do caminho fecharem o olho”, devem ter raciocinado. Provavelmente é o caso desse aí que apresentou o atestado desmentido pela junta médica do Senado; ele terá de depor agora.
Correios venderam imóvel e receberam cheque sem fundo
Durante o governo Bolsonaro, fui duas ou três vezes aos Correios para ver por que a empresa funcionava tão bem. Dava lucro, Funcionários felizes, tudo em dia, tudo enxuto. Os Correios estavam prontinhos para a privatização, mas ela não aconteceu. Hoje os Correios têm prejuízo, têm a maior dívida trabalhista do país – só nos últimos 12 meses entraram 56 mil ações trabalhistas contra os Correios. Outro dia, fizeram um leilão de um imóvel avaliado em R$ 322 milhões, um centro de convivência com piscinas. Tiveram de vender por R$ 280 milhões, porque não havia interessados; quem comprou o imóvel foi uma ONG de um pai de santo, Pai Jorge de Oxossi, daqui de Brasília. O pagamento inicial, de R$ 500 mil, foi de uma empresa; o Estadão foi conferir e o CNPJ da empresa não batia. Além de tudo, usaram cheque sem fundo. A ONG nem tem capital social, não sei como é que ganhou a licitação.
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Isso nos ajuda a entender por que os Correios estão assim. Este governo não escolhe os ocupantes dos cargos pela capacidade técnica, sem compromisso com partidos; isso era no ministério anterior, que tinha quase a metade do tamanho desse atual “ministerião”. Hoje o governo negocia dizendo “eu te dou esse ministério, o teu partido vota nos meus projetos”. E o gasto, tudo que movimenta essa máquina estatal, vem do seu imposto, direto ou indireto.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
