
Ouça este conteúdo
Os Correios anunciaram nesta sexta (21) a aprovação de um amplo plano de reestruturação que prevê o fechamento de até mil agências deficitárias, a contratação de uma operação de crédito de até R$ 20 bilhões e uma série de medidas para reduzir o rombo recorde das contas que, apenas neste ano, já soma R$ 4,4 bilhões. O valor supera todo o resultado negativo de 2024.
O documento, aprovado na última quarta-feira (19), estabelece ações divididas em três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento. As medidas foram baseadas em uma análise profunda do atual modelo de negócio, que já não comporta a estrutura inchada da empresa.
“Mesmo diante dos desafios conjunturais e econômicos, a estatal reafirma seu compromisso com a universalização, buscando soluções sustentáveis para equilibrar eficiência, qualidade e inclusão. Única empresa pública federal presente em todo território brasileiro, com atendimento universalizado, somente os Correios são capazes de conectar cada brasileiro, em qualquer município”, defendeu a estatal para justificar o plano de reestruturação.
Segundo o plano, a estatal promete, nos próximos 12 meses, atacar despesas consideradas críticas, incluindo um Programa de Demissão Voluntária, a revisão dos custos do plano de saúde e a exigência de “100% de adimplência com fornecedores”.
Outro eixo prevê a modernização operacional, readequação da infraestrutura tecnológica e liquidez assegurada para a transição do modelo econômico até 2026. A venda de ativos — incluindo imóveis com potencial de arrecadar R$ 1,5 bilhão — também faz parte da estratégia.
A otimização da rede de atendimento deve resultar na redução de até mil pontos considerados deficitários, abrindo espaço para a expansão do portfólio voltado ao e-commerce e para novas parcerias estratégicas. A estatal também admite a possibilidade de fusões, aquisições e reorganizações societárias para fortalecer sua competitividade.
Com a execução dessas medidas, os Correios projetam reduzir o déficit em 2026 e voltar ao lucro em 2027. Segundo o plano, a reestruturação é essencial para garantir que a empresa continue operando em todo o país de forma sustentável.
VEJA TAMBÉM:
A estatal reforça que a universalização dos serviços postais permanece como compromisso “estratégico e social inegociável”, apesar do alto custo: “R$ 5,4 bilhões no primeiro semestre de 2025, com déficit líquido de R$ 4,5 bilhões”. Para a empresa, assegurar atendimento em todos os municípios preserva a integração nacional e a soberania logística.
“Em diversos países, mecanismos formais de compensação asseguram a universalização, reconhecida como serviço público indispensável. No Brasil, apesar da queda das receitas tradicionais, cenário que ocorre em todo o mundo, os Correios permanecem como o único operador capaz de atender todos os municípios, inclusive regiões remotas onde a presença do Estado é vital”, pontuou na justificativa.
A estatal destacou ainda a capilaridade ao citar operações de grande escala, como a entrega de livros didáticos, o transporte simultâneo de provas do Enem e o envio de urnas eletrônicas a áreas remotas. A atuação em emergências também é mencionada no documento, incluindo “30 mil toneladas de doações ao povo do Rio Grande do Sul” após as enchentes e o envio de mantimentos às famílias atingidas pelo tornado no Paraná recentemente.
“Com responsabilidade e transparência, a atual da gestão da estatal trabalha para que sociedade, governos e empreendedores tenham acesso a serviços logísticos ainda mais modernos e confiáveis, sustentados pela sólida e respeitada marca Correios”, completou.



