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Com sua licença, leitor. Sei que não faltam fatos e assuntos “quentes” para tratar nesta semana, mas às vezes consigo vencer o que rapidamente esfriará em prol de algo que não se baliza por métricas de cliques e engajamentos.
Não quero, não posso, nem devo passar batido por algo muito significativo e relevante: o lançamento do projeto Memória Paraná, que “disponibiliza para consulta pública e gratuita a coleção completa do acervo impresso da Gazeta do Povo, cobrindo o período de 1919 – ano de fundação do jornal – até 2017, data em que o veículo migrou integralmente para o meio digital”.
Desde que se tornou digital, essa Gazeta se tornou também nacional e certamente muitos leitores de hoje não têm noção da longevidade do jornal. Não, a Gazeta do Povo não é uma “mídia nova”, um site ou canal de rede social criado há pouco tempo. Tem história e credibilidade que nenhum desses infantes possui, demonstrando capacidade para se adaptar aos novos meios sem abandonar os seus fins, suas convicções.
Não, a Gazeta do Povo não é uma “mídia nova”, um site ou canal de rede social criado há pouco tempo. Tem história e credibilidade que nenhum desses infantes possui
E já que a memória importa, aproveito que também é fim de ano para criar um arquivo pessoal. Talvez interesse também aos leitores mais fiéis ou mesmo aos curiosos turistas. É uma honra ter participado e continuar sendo parte de capítulos da história deste jornal. Mantenho este cantinho aqui há mais de dez anos, pelo qual sou profunda e imensamente agradecido.
Nos últimos dois anos, tenho também contribuído em outras frentes do jornal, como no canal no YouTube, comentando nos programas Última Análise e Saideira. Também contribuí para a editoria de Cultura, desde abril de 2024. Como estes textos não estão reunidos num espaço comum, peço nova licença para criar este espaço neste texto.
Foram, ao todo, 46 artigos, cobrindo um espectro diverso de manifestações artísticas. Minha estreia foi sobre Os Lusíadas e nossa indigência intelectual. Sobre livros, foram nove ao todo, tendo escrito sobre por que você deveria ler Drácula e por que não deveria ler Ravier com J, de Arthur do Val. Também sobre por que deveria ler tudo de Tolstoi e reler eternamente Dom Quixote.
Escrevi sobre a leitura como hobby preferido do papa Francisco (e também dos leitores da Gazeta do Povo), de quando C.S. Lewis acusou Deus de ser sádico e foi amado em resposta, também sobre a obra de René Laurentin tentando responder se o demônio seria realidade ou um mito.
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Transitando entre livros e música, escrevi sobre os 40 anos do rock brasileiro dos anos 1980, à luz do livro Dias de Luta, de Ricardo Alexandre. Ao todo, foram também nove textos sobre música. Continuei escrevendo sobre os anos 80, analisando o primeiro disco da Legião Urbana, também o último lançado por Nick Cave, Wild Gods. A música evangélica gravada por Caetano Veloso foi também objeto de análise, assim como o choro de Gilberto Gil, a intolerância religiosa contra Baby do Brasil e de como você pode substituir Oruam e Anitta por Cartola. Escrevi sobre o show de Eric Clapton, o filme sobre Bob Dylan, o documentário sobre Jon Bon Jovi.
Sobre seriados, escrevi sobre Cem Anos de Solidão, O Urso, Passado, Wandinha, Pssica, The Chosen Adventures e Pluribus. Também falei de documentários. Além do de Bon Jovi, já citado, escrevi sobre No Other Land, vencedor do Oscar de 2025, Fake Judge e O Retorno de Simone Biles. Mas foi sobre filmes o que mais escrevi: 17 textos. Um dos que mais gostei de escrever foi sobre o gênero faroeste, tendo analisado dois em particular: Os Imperdoáveis e Silverado.
Sobre cinema nacional, analisei Ainda Estou Aqui, Agente Secreto e O Auto da Compadecida. Do universo dos super-heróis, falei da trilogia de Christopher Nolan sobre o Batman e também sobre Coringa 2. Do universo religioso, foram sobre Virgem Maria e A Redenção: A História Real de Bonhoeffer. Escrevi também sobre a saga de filmes Toy Story, sobre dois filmes de Sydney Sweeney e vários indicados (e vencedores) do Oscar: Vidas Passadas, Dias Perfeitos, A Substância, Conclave e Anora.
Para completar, escrevi sobre a relação entre a inteligência artificial e a arte. Espero não ter esquecido nenhum texto e, mais importante, que os links funcionem. Trabalhar com a memória, como se vê, dá trabalho. Mas é um esforço recompensador. Que essa memória compartilhada nos ajude a discernir o que é perene do que é apenas o ruído passageiro da semana. Olhar para este arquivo pessoal também é, no fundo, uma forma de agradecer a esta Gazeta do Povo pela confiança e reconhecimento e a você, amigo leitor, que me acompanha por aqui.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
