Rua Francisco Tolentino, em Florianópolis (SC).
Entorno do Mercado Público foi um dos pontos de atenção dos arquitetos da Gehl Architects. (Foto: Gehl Architects/Apoio Comunicação/Divulgação)

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O projeto de requalificação do centro de Florianópolis, conduzido pelo escritório dinamarquês Gehl Architects, teve a primeira etapa apresentada na última segunda-feira (15). Após a divulgação, em setembro, da vinda dos urbanistas responsáveis por transformações em cidades como Nova York e Copenhague, a CDL Florianópolis, a Acif (Associação Empresarial de Florianópolis) e o LUA (Laboratório de Urbanismo e Arquitetura) receberam o estudo preliminar que norteará as intervenções urbanas na capital catarinense pelos próximos 50 anos.

O material, apresentado pela arquiteta Rute Nieto Ferreira, da Gehl Architects, estabelece cinco estratégias orientadoras e define três espaços públicos estratégicos para a implementação de projetos-piloto. A metodologia combinou análise de dados urbanos — como densidade, tráfego e áreas verdes — com uma leitura territorial e escuta da população.

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Os três pontos focais

O estudo delimitou três áreas específicas para receberem as primeiras intervenções, funcionando como protótipos das mudanças propostas para a região central:

  • Mercado Vivo (Mercado Público e rua Francisco Tolentino): A proposta visa priorizar a mobilidade ativa na área considerada o coração histórico da cidade. O objetivo é reduzir a predominância de veículos e estacionamentos, transformando vias em locais de permanência. A rua Francisco Tolentino é apontada como eixo para integrar comércio e transporte coletivo, estimulando a ocupação noturna e aos finais de semana.
  • Zona Escolar (rua e praça Esteves Júnior): O trecho norte da rua foi selecionado para testar o conceito de "rua escolar". O projeto sugere trânsito acalmado e uso compartilhado, conectando a via à praça e priorizando a segurança de estudantes e pedestres.
  • Travessias na beira-mar Norte: O estudo identifica a via expressa como uma barreira entre o centro e a orla. A intervenção propõe criar travessias mais seguras para aumentar a permeabilidade urbana, facilitando o acesso de pedestres e ciclistas ao calçadão e preparando a região para futuros equipamentos, como o parque da marina.
Projeto para a Rua Francisco Tolentino, em Florianópolis (SC).Revitalização da rua Francisco Tolentino prevê área verde e área de convivência. (Foto: Gehl Architects/Apoio Comunicação/Divulgação)

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Estratégias e metodologia do projeto em Florianópolis

Diferente de uma replicação direta de modelos europeus, a equipe da Gehl Architects enfatizou a adaptação à realidade local. O plano baseia-se em cinco pilares: mobilidade sustentável (foco em pedestres e ciclistas), resiliência climática (soluções baseadas na natureza e rede de espaços verdes), bairros inclusivos (uso misto e fachadas ativas), desenho para crianças (rotas lúdicas e seguras) e turismo sazonal (melhor distribuição de fluxos e novos polos de atração).

Segundo Tatiana Filomeno, coordenadora do LUA e responsável técnica, o projeto busca criar uma visão integrada, superando a lógica de intervenções pontuais. O "masterplan" resultante servirá como ferramenta orientadora para que futuras gestões mantenham a coerência nas obras públicas.

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Próximos passos e financiamento

Com a entrega do estudo preliminar, o projeto entra agora em fase de contribuições técnicas e institucionais. O desenho final está previsto para ser entregue em março de 2026.

O financiamento desta etapa de estudos é realizado integralmente pela iniciativa privada, através da CDL e Acif. A execução das obras propostas, no entanto, dependerá da articulação com o poder público e da definição de fontes de recursos, como a Outorga Onerosa do Direito de Construir. As entidades destacam o projeto como um plano de Estado, desenhado para atravessar diferentes mandatos políticos.

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