Polícia Federal
Viatura da Polícia Federal. (Foto: Cristina Índio do Brasil/Agência Brasil)

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O Grupo Fictor suspendeu nesta terça (18) a compra do Banco Master após a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro pela Polícia Federal e a liquidação extrajudicial da instituição pelo Banco Central. A empresa havia anunciado na véspera a formação de um consórcio com investidores dos Emirados Árabes Unidos para assumir o banco, em uma operação que previa um aporte inicial de R$ 3 bilhões.

Vorcaro e mais cinco pessoas ligadas ao banco foram alvos de mandados de prisão preventiva e temporária da Polícia Federal na Operação Compliance Zero, que apura um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos que pode ter gerado um prejuízo de R$ 12,2 bilhões.

“A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, o consórcio não comentará o mérito das investigações”, afirmou o Grupo Fictor em nota (veja na íntegra mais abaixo).

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O grupo destacou que a operação envolvendo o Banco Master “estava integralmente condicionada à análise e à aprovação prévia dos órgãos reguladores”, ressaltando que a oferta teria sido oficialmente comunicada ao Banco Central ainda na noite de segunda (17). Segundo o comunicado, o grupo diz ter conduzido todo o processo “com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais”.

“Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de supervisão e controle, assim como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro”, ressaltou o grupo.

Daniel Vorcaro foi detido pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, momentos antes de embarcar para Dubai em um jatinho particular, com a alegação de sua defesa de que iria fechar a venda do banco ao consórcio liderado pelo Grupo Fictor. A PF informou que já monitorava os passos do executivo.

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Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início em 2024 após pedido do Ministério Público Federal para investigar a “possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira”. Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco – o Banco Regional de Brasília (BRB) – e, após fiscalização do Banco Central, posteriormente substituídos “por outros ativos sem avaliação técnica adequada”.

Entre os crimes investigados estão gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, todos relacionados à fabricação de carteiras de crédito fictícias. De acordo com a PF, o Banco Master teria comercializado papéis sem lastro real, prática que fere diretamente a legislação financeira e abala a confiança no setor bancário.

A operação da polícia cumpre 25 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal, incluindo a sede do BRB, onde também houve mandado contra o presidente da instituição, Paulo Henrique Costa. A Justiça Federal determinou seu afastamento do cargo por 60 dias.

A instituição negou as irregularidades apontadas pela investigação e informou que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência e que prestou regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.

"A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades", completou (veja na íntegra mais abaixo).

A Gazeta do Povo também procurou o GDF para se pronunciar sobre a operação contra o banco estatal e aguarda retorno.

O que dizem os citados

Veja abaixo o que disse o Grupo Fictor sobre a suspensão do negócio com o Banco Master:

O consórcio de investidores globais liderado pela Fictor Holding Financeira tomou conhecimento, pela imprensa, da decisão anunciada nesta terça-feira (18/11) referente à liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central do Brasil, bem como das medidas adotadas pelas autoridades competentes em relação aos atuais controladores da instituição.

Como informado ontem, a operação envolvendo o Banco Master estava integralmente condicionada à análise e à aprovação prévia dos órgãos reguladores. Desde o início, conduzimos todas as etapas com total transparência, responsabilidade e estrita observância aos ritos estabelecidos pelas normas legais.

Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de supervisão e controle, assim como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.

A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, o consórcio não comentará o mérito das investigações.

Veja abaixo o que disse o BRB sobre a operação e o afastamento do presidente Paulo Henrique Costa:

O BRB reforça que sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master.

O Banco informa, ainda, que nenhuma prisão foi realizada na manhã desta terça-feira (19). A decisão judicial que orienta a atuação da Polícia Federal nas dependências do Banco determina, exclusivamente, o afastamento temporário do presidente e do diretor financeiro pelo prazo de 60 dias.

A Instituição reafirma seu compromisso com a ética, a responsabilidade e a integridade na condução de suas atividades. O Banco segue operando normalmente, garantindo a continuidade integral dos serviços e preservando a segurança das operações, dos clientes, dos parceiros e de toda a sua estrutura operacional.