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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o discurso contra a Enel São Paulo e ameaçou de decretar a perda da concessão por causa do apagão que deixou 2,2 milhões de consumidores sem energia na capital e região metropolitana. Nesta segunda (15), ainda há 35,2 mil instalações desabastecidas em 24 municípios, sendo a capital a mais afetada – 24,2 mil clientes.
Em uma nota publicada neste final de semana, o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), afirmou que Lula determinou “rigor absoluto” na fiscalização e na garantia da qualidade do serviço. Ele pontuou que o governo não tolerará “falhas reiteradas, interrupções prolongadas ou qualquer desrespeito à população”.
“O descumprimento dessas exigências poderá acarretar na perda da concessão no Estado de São Paulo, além da adoção de todas as medidas legais e regulatórias cabíveis”, disparou.
Silveira também anunciou que pretende propor uma agenda com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP) para alinhar responsabilidades e garantir uma atuação coordenada dos órgãos públicos na gestão da crise.
A nova nota é mais dura do que a divulgada dias antes, quando o ministro criticou a troca de acusações entre autoridades locais. Na ocasião, o governo afirmou que, enquanto lideranças estaduais e municipais politizavam o episódio, a prioridade federal era restabelecer o serviço com rapidez e segurança.
Naquele texto, o ministério destacou que 1,7 milhão de unidades já haviam tido a energia restabelecida. Também reforçou que eventuais falhas da distribuidora seriam apuradas pela agência reguladora, com aplicação das punições cabíveis.
A Enel, por sua vez, afirmou ter mobilizado um número recorde de equipes, chegando a 1,8 mil em campo. A concessionária atribuiu o apagão a um vendaval histórico, com rajadas que chegaram a quase 100 km/h em pontos da capital.
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Troca de farpas
Na semana passada, Nunes e Tarcísio pediram a intervenção do governo federal na gestão da empresa italiana, inclusive com o envio de um ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com críticas à lentidão do serviço.
“Pode ter certeza que esse restabelecimento completo vai levar alguns dias. A gente vai ver isso acontecer de novo, e a gente está falando isso sempre”, afirmou o governador.
Nunes, por sua vez, disse que a empresa mentiu ao alegar que colocou 1,6 mil equipes para responder aos danos causados pelo ciclone extratropical, e que sua equipe constatou menos de 40 veículos em operação.
“O que nós estamos fazendo é essa pressão por uma empresa que infelizmente não tem tido condições de atender as demandas da cidade. A gente sabe que cada vez que tiver um vento, uma chuva, nós vamos passar por isso. Então, a gente precisa deixar claro que essa empresa não tem como mais continuar em São Paulo”, declarou Nunes em entrevista à rádio CBN.



