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O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que servidores em greve nos Correios mantenham ao menos 80% do efetivo em atividade em cada unidade da estatal, diante do risco de prejuízo à população e do agravamento da crise financeira da empresa. A decisão da ministra Kátia Magalhães Arruda, relatora do dissídio coletivo, foi dada após parte dos sindicatos aprovar paralisação mesmo com negociações em andamento.
Pela ordem do TST, dirigentes sindicais ficam proibidos de bloquear a entrada de funcionários e a circulação de cargas postais nas unidades da empresa. A ministra estabeleceu multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da decisão, valor a ser pago pelo sindicato responsável.
A medida foi tomada depois que sindicatos da categoria aprovaram a greve durante audiências mediadas pelo próprio TST. A mediação foi solicitada pela direção dos Correios como forma de evitar que a paralisação comprometa ainda mais as finanças da estatal e a prestação de serviços essenciais à população, em meio ao plano de restruturação para conter o rombo recorde de R$ 6 bilhões apenas neste ano até o mês de setembro.
Os Correios atravessam um momento delicado, marcado por crise financeira e pela recente autorização para contratar um empréstimo de R$ 12 bilhões. Segundo a empresa, a manutenção das atividades é fundamental para preservar a operação e garantir o atendimento mínimo aos cidadãos.
Na tentativa de fechar um acordo coletivo de trabalho, a direção dos Correios propôs conceder reajuste pela inflação e recuou em algumas cláusulas para atender demandas da categoria. A proposta, no entanto, exclui o pagamento do chamado “vale-peru”, benefício reivindicado pelos sindicatos.
Até então, a empresa vinha defendendo reajuste zero, alegando falta de condições financeiras para novos gastos. Os trabalhadores, por sua vez, querem manter benefícios como adicional de 70% de férias, pagamento de 200% nos fins de semana e a concessão do vale natalino no valor de R$ 2,5 mil.
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Os Correios afirmam que a situação econômica atual não permite sustentar esses benefícios sem comprometer a saúde financeira da estatal. A empresa argumenta que qualquer aumento de despesas pode afetar a continuidade dos serviços.
Também nesta semana, o TST determinou que os Correios divulguem de forma ampla e imediata a proposta salarial em negociação com os trabalhadores. A decisão, assinada pelo vice-presidente da Corte, ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, busca assegurar transparência e informação direta aos servidores e à sociedade.
A Corte entendeu que a divulgação é necessária após a deflagração de greves em alguns estados, mesmo com as tratativas ainda em curso. Para o TST, a medida contribui para esclarecer os termos da negociação e reduzir conflitos durante o processo.



