Mesmo após encontro amigável, prefeito eleito de Nova York diz que ainda vê Trump como ‘fascista’

Prefeito eleito de Nova York elogiou a conversa que teve com o presidente no Salão Oval na última sexta-feira (21), mas manteve as críticas: ‘É algo que já disse no passado e digo hoje’

  • Por Por Eliseu Caetano, dos Estados Unidos
  • 24/11/2025 09h43
Jim Watson/AFP O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (à direita), aperta a mão do prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, durante encontro no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (à direita), aperta a mão do prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, durante encontro no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, D.C.

Dias depois de um encontro cordial na Casa Branca, o prefeito eleito de Nova York, Zohran Mamdani, voltou a afirmar neste domingo (23) que considera o presidente Donald Trump um “fascista” e uma ameaça à democracia. A declaração veio durante o programa Meet the Press, da NBC, e reacendeu o debate político nos Estados Unidos, discussão que também interessa ao Brasil, já que a relação entre Trump e grandes cidades americanas costuma influenciar temas como imigração, segurança e comércio internacional.

“Eu disse no passado, digo hoje”

Questionado se ainda via Trump dessa forma, Mamdani foi direto: “É algo que já disse no passado. E digo hoje”. Apesar disso, ele elogiou a conversa que teve com o presidente no Salão Oval na última sexta-feira (21). Segundo Mamdani, os dois não esconderam os pontos de discordância, que não são poucos, mas buscaram manter um diálogo produtivo em nome dos nova-iorquinos.

Encontro cordial, apesar do histórico de conflitos

O clima entre os dois surpreendeu porque, durante meses, Trump e Mamdani trocaram ataques públicos. O presidente chegou a ameaçar cortar verbas federais de Nova York caso Mamdani fosse eleito e sugeriu enviar agentes federais para combater a criminalidade na cidade. Do outro lado, Mamdani criticava as políticas migratórias duras do governo, como o aumento das deportações e as operações do ICE.

Mesmo assim, o encontro na Casa Branca terminou com sorrisos e aperto de mão, uma cena muito diferente do tom de campanha. Em tom de brincadeira, quando um repórter perguntou a Mamdani se ele ainda considerava Trump um fascista, o próprio presidente respondeu antes: “Pode dizer ‘sim’. É mais fácil do que explicar.”, disse Trump, dando risada e batendo nas costas do prefeito eleito.

Foco em segurança e custo de vida

Mamdani afirmou que o encontro foi “produtivo” e que os temas centrais da conversa foram segurança pública e custo de vida, dois problemas que afetam diretamente milhões de moradores da cidade. Segundo ele, o objetivo é “entregar resultados” para os nova-iorquinos, independentemente das diferenças políticas.

O prefeito disse também que buscou mostrar ao país que adversários políticos podem trabalhar juntos quando o interesse da população vem antes da rivalidade partidária.

E o Brasil com isso?

A troca entre Trump e Mamdani pode parecer distante do Brasil, mas seus efeitos chegam aqui de várias formas. A política migratória dos Estados Unidos impacta brasileiros que vivem no país, especialmente em Nova York, onde a comunidade brasileira é grande. Mudanças também afetam setores econômicos como turismo e remessas, áreas relevantes para famílias e empresas brasileiras.

Além disso, a postura de Mamdani ecoa debates conhecidos no Brasil, sobre quando adversários devem dialogar e quais são os limites democráticos. Trump é hoje uma figura central no cenário internacional, e sua relação com grandes cidades pode influenciar negociações e alinhamentos que chegam até Brasília.

Um encontro cordial, mas longe de pacificar tensões

Embora ambos tenham prometido trabalhar juntos, Mamdani deixou claro no domingo que nada mudou em sua avaliação política sobre Trump. Para ele, diálogo e crítica podem coexistir. “Tudo que eu disse no passado, continuo acreditando”, afirmou.

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Para os Estados Unidos e para países que acompanham de perto a política americana, como o Brasil, o episódio mostra um raro momento de cordialidade em meio a um cenário extremamente polarizado, mas que ainda está longe de representar uma trégua real.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.