Morre Marcelo VIP, golpista que se passou por fundador da Gol e virou filme com Wagner Moura

História de Marcelo Nascimento da Rocha foi contada em documentário e, posteriormente, em longa de ficção estrelado pelo astro de ‘O Agente Secreto’

  • Por Jovem Pan
  • 10/12/2025 12h31 - Atualizado em 10/12/2025 12h47
Reprodução/VIPs: Histórias Reais de um Mentiroso Fotografia de Marcelo Nascimento da Rocha, o Marcelo VIP, usada no documentário que contou sua história Fotografia de Marcelo Nascimento da Rocha, o Marcelo VIP, usada no documentário que contou sua história

Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIP e considerado um dos maiores golpistas do país, morreu aos 49 anos. A informação foi confirmada por advogados e amigos próximos. Ele faleceu na terça-feira (9), em Joinville (SC), durante uma passagem de trabalho. Segundo familiares, vivia atualmente em Curitiba. O enterro está marcado para esta quarta-feira (10), em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense.

De acordo com o advogado Nilton Ribeiro, Marcelo, que havia passado por cirurgia bariátrica, morreu em decorrência de complicações de cirrose hepática, doença crônica que provoca cicatrizes no fígado e compromete progressivamente o funcionamento do órgão. Natural de Maringá (PR), ele ganhou notoriedade a partir dos anos 2000 graças a uma série de golpes e identidades falsas. O paranaense foi tema do documentário “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso” (2010) e inspirou o filme de ficção “VIPs” (2011), estrelado por Wagner Moura, que conquistou quatro prêmios no Festival do Rio.

Wagner Moura interpretou Marcelo Nascimento da Rocha em "VIPs"

Wagner Moura interpretou Marcelo Nascimento da Rocha em “VIPs” (Divulgação/02 Filmes)

A fama definitiva veio em 2001, quando Marcelo se passou por Henrique Constantino, um dos fundadores da Gol Linhas Aéreas, durante uma festa no Recife. Ele concedeu entrevistas como se fosse o empresário e enganou celebridades e veículos de imprensa. O episódio lhe deu projeção nacional e internacional.

Ao longo da vida, acumulou condenações por associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica. Foi preso ao menos 12 vezes e protagonizou seis fugas. Em sua biografia, lançada em 2005, contou que começou a aplicar golpes ainda aos 14 anos e que, aos 18, atuava como piloto do narcotráfico. Segundo o próprio Marcelo, quando não estava voando, criava personagens para circular em diferentes ambientes sociais e enganar pessoas influentes. Ele também afirmou que a família “perdeu o controle” sobre seu comportamento após a mudança para Curitiba, quando tinha oito anos.

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Prisões e tentativa de recomeço

Durante as filmagens do longa “VIPs”, Marcelo cumpria pena na Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, onde permaneceu por quatro anos. Progrediu de regime em 2014 e passou a cumprir prisão domiciliar por falta de vagas no semiaberto. Em 2018, foi novamente preso, acusado de forjar documentos para obter benefícios penais.

Nos últimos anos, segundo amigos, buscava reconstruir a vida. Atuava como palestrante, escritor e produtor, trabalhando para artistas e tentando se afastar dos crimes que marcaram sua trajetória. Em uma publicação nas redes sociais, o advogado Roberto Bona Junior, amigo próximo, disse que Marcelo “soube aproveitar novas oportunidades e escrever outra história”, apesar dos erros do passado.