Nunes à Mello: ‘Te dou minha palavra, o governador sempre reconheceu seu trabalho’
_Vice-prefeito de SP criticou governador Tarcísio de Freitas sobre “pegar carona” na prefeitura
As declarações do vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), sobre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) desencadearam uma crise interna na gestão municipal e provocaram uma conversa reservada entre ele e o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Em reunião, Nunes buscou apaziguar o aliado e garantiu que Tarcísio “sempre reconheceu o trabalho” desempenhado pelo vice na área de segurança e zeladoria urbana.
O prefeito chegou a usar a expressão “te dou a minha palavra” para assegurar que o governador considera essencial o serviço realizado pela prefeitura — especialmente nas ações na região da Cracolândia, ponto de tensão histórica entre Estado e município.
Declarações do vice inflamaram o debate
A crise se intensificou após Mello Araújo afirmar, em entrevista à Folha de S.Paulo, que declarações dadas por Tarcísio sobre as ações na Cracolândia seriam uma “grande enganação”. O comentário ocorreu depois que uma reportagem da TV Record exibiu falas do governador atribuindo avanços na região ao governo estadual, o que irritou o vice-prefeito, responsável por operações de zeladoria e parte do ordenamento urbano da área.
À Jovem Pan, Mello Araújo afirmou ainda que Tarcísio teria dado um “golpe fatal” em Ricardo Nunes ao não convidá-lo para participar da gravação da reportagem exibida pela emissora.
Nunes diz que foi avisado, mas não pôde comparecer
Em resposta, também à Jovem Pan, Nunes negou ter sido excluído da produção televisiva. Disse que foi avisado previamente, mas não pôde comparecer no horário definido pela equipe da emissora. Segundo o prefeito, ele acabou participando à noite, em uma unidade de acolhimento, mas não junto do governador.
Nunes afirmou ao vice-prefeito que, durante a gravação com a TV Record, ele atribuiu o trabalho na Cracolândia não apenas ao governo Tarcísio, mas também ao próprio Mello Araújo, à Polícia Civil, à Guarda Civil Metropolitana, às equipes de saúde e assistência social. Porém, segundo o prefeito, “por algum motivo de edição”, esses trechos foram cortados.
Contexto: disputa por protagonismo em ano pré-eleitoral
As tensões emergem em meio à disputa por visibilidade política às vésperas da eleição municipal de 2024. A Cracolândia voltou a ser centro de disputa narrativa entre Prefeitura e governo estadual — ambos interessados em apresentar resultados concretos ao eleitorado.
Enquanto Tarcísio tem buscado reforçar investimentos em policiamento e tecnologia, Nunes tenta capitalizar ações de zeladoria, acolhimento e reorganização urbana. O vice-prefeito, figura de ligação com as forças de segurança, vinha reivindicando maior reconhecimento público pela redução de fluxo e pelas operações integradas.
Com a escalada de declarações, aliados avaliam que a conversa promovida por Nunes buscou conter danos e evitar que ruídos internos prejudiquem a aliança estratégica com Tarcísio — vista como crucial para a campanha à reeleição.
