Manifestação de familiares de presos políticos em Caracas, no último domingo (14) (Foto: Ronald Peña R/EFE)

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A ONG Justiça, Encontro e Perdão (JEP) denunciou nesta quinta-feira (18) que 91 presos políticos na Venezuela sofrem de doenças graves e que a deterioração física progressiva desses detentos é produto de uma “forma de violência estrutural”.

A advogada e coordenadora-geral da ONG, Martha Tineo, explicou à Agência EFE que há “pelo menos oito casos de câncer em estágio avançado, com diagnósticos de adenocarcinoma de próstata, câncer de pulmão de pequenas células, linfoma não Hodgkin, sarcoma epitelióide, tumores pancreáticos e cerebrais”.

Além disso, continuou, “mais de 20 presos foram diagnosticados com problemas cardíacos, como síndromes coronárias agudas, insuficiência cardíaca congestiva, arritmias graves e hipertensão crônica”, entre outras doenças, como diabetes e insuficiência renal crônica.

“Alguns apresentam danos renais irreversíveis ou infecções urinárias persistentes, a ponto de necessitarem permanentemente de cateteres urinários, mas estes lhes são negados ou não possuem recursos para adquiri-los”, afirmou Tineo.

A ONG denunciou, em mensagem divulgada no X, a “negação sistemática de assistência médica, a omissão de tratamento e a exposição a condições insalubres” nas prisões venezuelanas, o que, enfatizou, constitui uma “violação direta do direito à vida e à integridade física”.

A organização também alertou que a “deterioração física progressiva” dos detentos “não é um efeito colateral, mas uma forma de violência estrutural”.

“Quando o Estado transforma a doença em punição e a negligência em método, cria-se um cenário de tortura silenciosa que exige uma resposta urgente dos órgãos nacionais e internacionais de direitos humanos”, declarou a ONG.

A JEP contabiliza 1.084 presos políticos na Venezuela, número superior ao divulgado pela ONG Foro Penal, órgão de defesa dos detidos por motivos políticos, que estima o número em 893. O regime chavista e o Ministério Público, por sua vez, afirmam que ninguém foi preso por esses motivos, mas sim — insistem — por terem cometido crimes.

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Conteúdo editado por: Fábio Galão