
Um levantamento feito na CPMI que investiga esse crime hediondo que tirou dinheiro dos idosos da Previdência mostra que os mais prejudicados foram os pensionistas e aposentados do Nordeste. Quase 37% dos que tiveram descontos indevidos são de lá, e tiraram um dinheirão deles.
Eu estava revendo um depoimento raríssimo, de alguém que foi à CPMI para responder a tudo que perguntaram, sem habeas corpus, e que ainda veio de Portugal para prestar depoimento: o ex-ministro da Previdência Onyx Lorenzoni. Ele usou dados do Banco Central para derrubar completamente a narrativa de que no governo Bolsonaro facilitaram a fraude. Ele mostrou que os descontos no último ano do governo Temer eram de R$ 794 milhões (atualizados pela inflação); no último ano do governo Bolsonaro, os descontos eram de R$ 706 milhões. Em janeiro de 2019, 2,778 milhões de aposentados e pensionistas tinham descontos. Quando terminou o governo Bolsonaro, eram 2,706 milhões, quer dizer, 72 mil pessoas a menos. E por que conseguiram diminuir? Porque fizeram a biometria, exatamente para evitar a desonestidade.
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E, daqueles 2,706 milhões de pessoas no fim de 2022, agora são 7,491 milhões que tiveram descontos, ou seja, o número explodiu no governo Lula. Lorenzoni demonstrou isso, e demonstrou também que, em 34 anos, nunca tinha havido medidas para fiscalizar isso. A biometria e o rigor administrativo fecharam a porta do consignado. E o ex-ministro ainda disse que, mesmo com o TCU e a Controladoria Geral da União reclamando, o governo Lula só se mexeu depois que a polícia entrou na história.
COP-30 está cheia de exibicionismo e uma ironia muito triste
O Estadão mostrou que o ditador do Congo, um militar que governa desde 1997, mandou botar um tapete vermelho no corredor do hotel Vila Galé Collection, em Belém. Aliás, o hotel só ficou pronto porque o presidente de Portugal ligou para o dono da rede Vila Galé e cobriu a conclusão, porque do contrário a delegação portuguesa não teria onde ficar.
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A COP-30 está cheia dessas coisas divertidas, essa história de as pessoas que vieram da Europa precisarem mostrar floresta tropical atrás delas. Achei muita graça naquela foto dos líderes, parece que as pessoas estão protegidas por um muro coberto de trepadeiras, sei lá se são de verdade ou de plástico. A floresta mesmo está atrás, ninguém consegue ver. Aí os líderes vão para aquelas reservas, para um bosque, a Ursula von der Leyen, que é a chefe da União Europeia, pegou um quati, mas é um daqueles animais em cativeiro, que estão ali para as pessoas tirarem fotos. Os turistas vão lá para olhar os bichos, mas ninguém arrisca ir à floresta.
Todos foram para bons restaurantes, mas o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o francês Emmanuel Macron não quiseram saber de peixe, disseram que não comeriam peixe de água doce. Um dos restaurantes tinha uma sobremesa bastante eloquente: um bolo de chocolate com calda de chocolate belga cobrindo tudo. No Pará, há brasileiros plantando cacau e sendo expulsos por forças federais, pelo Ibama, pelo pessoal do meio ambiente. Brasileiros pobres plantam cacau lá, mas o bolo leva chocolate belga, que coisa triste.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
