Oposição no Congresso defende Código de Conduta proposto por Fachin no STF
Presidente do STF sugeriu a criação de uma série de medidas para ditar o comportamento dos ministros da Corte
O código de conduta que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, pretende instituir para os membros da Corte segue o modelo adotado pelas principais economias ocidentais. A principal referência é o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, que possui o conjunto de regras mais detalhado, mas há exemplos similares de diretrizes específicas para juízes nos Estados Unidos e na França. No Reino Unido, embora com reduzida força jurídica, um guia da Suprema Corte serve de orientação aos magistrados.
O código alemão demonstra particular preocupação com a imagem da Corte ao regulamentar a participação de seus integrantes em eventos externos — um dos pontos centrais da proposta de Fachin. O documento estabelece que os juízes só podem aceitar remuneração por palestras e participações caso isso não prejudique a reputação do tribunal nem suscite dúvidas sobre a “independência, imparcialidade, neutralidade e integridade de seus membros”.
A norma germânica também orienta a conduta dos ministros em entrevistas, recomendando que “o conteúdo e o formato de suas declarações estejam em conformidade com suas funções, com o prestígio do tribunal e com a dignidade do cargo”.
No Brasil, as recentes exposições públicas sobre encontros entre empresários, advogados e ministros do STF motivaram parlamentares de centro e direita a defender a criação do código de conduta, iniciativa já proposta pelo presidente da Corte. Para o vice-líder da oposição, deputado Capitão Alden (PL-BA), o tribunal carece atualmente de regras éticas claras sobre a atuação de seus membros.
“Os fatos recentes envolvendo relações entre ministros do Supremo Tribunal Federal e interesses privados escancararam uma lacuna institucional grave: o STF não possui um código de conduta específico aplicável aos seus próprios membros. Hoje, a Corte exerce poder máximo, mas sem regras éticas claras, públicas e vinculantes para prevenir conflitos de interesse, disciplinar participações em eventos privados e garantir transparência sobre vantagens e remunerações acessórias. Isso não é compatível com uma democracia madura”, afirmou.
A deputada Gisela Simona (União-MT) também avalia como necessária a medida, diante dos recentes episódios. “Necessário não apenas ter um código de conduta para prevenir novas ações nesse contexto, mas é necessária a CPMI tanto para o fato envolvendo o Banco Master como para apurar a conduta dos ministros, que não podem estar acima da lei”, concluiu.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
