PF detalha apreensões na 4ª fase da Operação Sem Desconto, que mira fraude no INSS

O volume de bens recolhidos reforça o que os investigadores apontam como um esquema de corrupção que atuou durante anos desviando recursos públicos

  • Por Rany Veloso
  • 14/11/2025 19h16
Divulgação/INSS O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. — Foto: Divulgação/INSS Em nota, a defesa de Alessandro Stefanutto afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial que motivou a operação e que segue “confiante de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos”.

A Polícia Federal divulgou nesta sexta-feira (14) o balanço do material apreendido na 4ª fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes envolvendo convênios do INSS. A nova etapa, que ocorreu paralelamente às prisões deflagradas ontem, reforça a dimensão financeira das irregularidades.

Segundo a corporação, foram apreendidos:

• R$ 720 mil em espécie;
• US$ 72 mil;
• 23 relógios de luxo;
• 106 peças de joias;
• 43 veículos;
• 57 celulares;
• 8 armas e 314 munições;
• 5 CPUs;
• 21 notebooks;
• 2 smartwatches;
• 4 tablets;
• 7 HDs e 8 pen drives.

O volume de bens recolhidos reforça o que os investigadores apontam como um esquema de corrupção que atuou durante anos desviando recursos públicos e beneficiando agentes públicos e empresários ligados a organizações conveniadas ao INSS.

Esquema movimentou R$ 640 milhões

Documentos obtidos pela PF indicam que a organização movimentou cerca de R$ 640 milhões pela Conafer entre 2017 e 2023. Parte do dinheiro teria abastecido um sistema de pagamento de propinas chegando a R$ 250 mil mensais pagas ao ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, segundo a investigação. Antes disso, Stefanutto já recebia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil mensais, de acordo com os autos.

Ele chegou a ser demitido em abril, após a primeira fase da operação, mesmo com tentativa de mantê-lo na função pelo então ministro Carlos Lupi.

A operação também identificou repasses de R$ 100 mil ao ex-ministro de Bolsonaro Ahmed Mohamed, que está entre os alvos de busca e hoje cumpre medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica.

Oito presos na nova fase

Foram cumpridos 63 mandados, entre prisões e buscas. Ao todo, oito pessoas foram presas, entre elas:

  • Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS;
  • Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS” (preso desde setembro);
  • André Paulo Félix Fidelis, ex-diretor de Benefícios;
  • Vinicius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT);
  • Tiago Abraão Ferreira Lopes, diretor da Conafer;
  • Cícero Marcelino de Souza Santos, empresário ligado à Conafer;
  • Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior, também ligado à Conafer;
  • Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS, afastado desde abril — ele teria movimentado mais de R$ 10 milhões.

A empresária Thaisa Hoffmann, esposa de Virgílio, também é alvo e teria recebido mais de R$ 5 milhões.

Dois deputados — Euclydes Pettersen e Edson Araújo — foram alvo de mandados de busca e apreensão.

Crimes investigados

Os envolvidos respondem por inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de ocultação e dilapidação patrimonial.

Defesa

Em nota, a defesa de Alessandro Stefanutto afirmou que ainda não teve acesso à decisão judicial que motivou a operação e que segue “confiante de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos”.