
Ouça este conteúdo
Hoje, São Paulo está entre as cidades mais ricas do mundo. Em 2029, deverá ser a capital com o sexto maior PIB do planeta. Quando pensamos numa megalópole desse porte, não imaginamos que ela fique recorrentemente sem luz por conta de ventos e tempestades. Mas, infelizmente, é exatamente esse o cenário.
Nos últimos anos, a falta de luz prolongada se tornou um problema crônico na capital paulista. Com chuvas e ventos fortes, muitas árvores caem, danificando a rede elétrica e deixando milhares de pessoas sem luz por vários dias.
A falta de energia traz diversos transtornos ao cidadão paulistano. Os problemas vão desde a perda de comida, pelo desligamento da geladeira, até a impossibilidade de se carregar o celular.
Nos dias de hoje, ficar sem acesso a celulares e computadores significa perder compromissos profissionais e não conseguir acessar a conta bancária para realizar um simples pagamento.
A lista de problemas causados pela falta de energia é imensurável, principalmente quando pensamos em idosos, crianças e pessoas com limitações físicas, que não conseguem utilizar as escadas.
Esses obstáculos causados pela falta de energia já seriam graves por si só. Mas, se levarmos em conta os prejuízos econômicos, os apagões em São Paulo podem ser resumidos em uma única palavra: caos.
A atividade econômica é duramente atingida. Bares e restaurantes perdem comida e não podem operar sem refrigeração. De acordo com a Abrasel-SP, o prejuízo para o setor chega a R$ 775 milhões.
O varejo também é fortemente impactado, na medida em que lojas, supermercados e shoppings não conseguem funcionar sem registradoras, caixas e sistemas de pagamento. Segundo a Fecomércio-SP, o prejuízo para o varejo é da ordem de R$ 536 milhões.
Além do comércio, o setor de serviços — academias, transportes, turismo, salões de beleza, consultórios, eventos etc. — é extremamente prejudicado. Ainda de acordo com a Fecomércio-SP, as perdas nesse ramo chegam a R$ 1,1 bilhão.
Com tamanho rombo e tantos danos à população e às empresas, é necessário responsabilizar os culpados pelo caos gerado na cidade.
Sem dúvida, a Enel, distribuidora de energia em São Paulo, é uma das culpadas pela situação caótica na capital. Primeiro, porque, em situações emergenciais, não tem estrutura para reparar os danos e restabelecer a energia em tempo hábil. É notória a falta de capacidade operacional, logística e de atendimento da companhia.
Por sua vez, a empresa alega que as tempestades são situações excepcionais e, por isso, não conseguem lidar rapidamente com a situação. Certamente, essa não é uma boa desculpa, pois todos os anos ocorrem tempestades no verão paulistano, deixando de ser um fenômeno aleatório para algo previsto.
Ora, se são frequentes tempestades nos verões, por que não se antecipam ao problema, com maior investimento para lidar com situações emergenciais? Poderiam também, juntamente com a prefeitura, realizar a poda de árvores preventivamente, já que, para a operacionalização desse serviço, é necessário o auxílio da Enel.
Se a Enel não tem arcado com suas obrigações, é porque o órgão regulador e fiscalizador, a Aneel, também tem deixado a desejar no cumprimento de sua função
VEJA TAMBÉM:
Com episódios tão frequentes de falta de luz prolongada em São Paulo, a Enel já deveria ter sido enquadrada pela Aneel e, no limite, até perder a concessão.
A prefeitura de São Paulo também tem sua parcela de culpa, na medida em que é muito difícil podar uma árvore na capital. É urgente tratar a poda de árvores como um serviço essencial e prioritário, sem ambientalismo burro. Caso contrário, mais árvores continuarão caindo, levando a acidentes e quedas de energia.
Como esperado, grupos de esquerda aproveitaram-se da situação para colocar a culpa da falta de luz em São Paulo na privatização da energia elétrica. É preciso deixar claro que a incompetência dos envolvidos nada tem a ver com o modelo de privatização, mas, sobretudo, com a falta de gestão da empresa, da agência reguladora e da prefeitura.
Aliás, a experiência brasileira mostra que as privatizações foram muito mais bem-sucedidas, em relação à geração de renda e emprego para a sociedade, arrecadação para o Estado e universalização e melhora de serviços, do que o contrário.
Nessas horas, o proselitismo ideológico de esquerda deve ficar na escuridão; a população de São Paulo, não.
