Projeto antifacção é jogada de risco e pode custar popularidade de Lula, dizem líderes
Hugo Motta pode definir tramite do tema ainda hoje; Guilherme Derrite é cotado como relator de proposta do governo
Lideranças de partidos de centro e centro-esquerda, alinhadas ao Palácio do Planalto, avaliam que a postura do governo, de bater de frente com a proposta antiterrorismo e insistir no avanço apenas do próprio texto, pode levar Lula a uma nova derrota no Congresso Nacional. Desta vez, a queda seria mais grave, já que perder um embate no tema de segurança pública custaria uma parcela maior da popularidade do presidente.
A avaliação dos líderes é de que propor um texto sobre segurança, após uma megaoperação policial polêmica, sem dialogar com a centro-direita, que costuma dominar a pauta, já foi uma jogada arriscada. Se o governo não entrar em um acordo, a tentativa de sequestrar o tema para a esquerda amplia o risco.
Líderes de centro recomendam que o Planalto aceite fazer uma articulação, amarrando o PL antiterrorismo, assinado por Danilo Forte (União-CE), e apoiado pela oposição, ao projeto antifacção do governo. A negociação evitaria o risco de uma rejeição do texto elaborado pelo Ministério da Justiça, em favor da matéria defendida pela oposição.
Deputados de centro, aliados de Lula, ainda avaliam o nome de Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo e deputado federal, como um bom quadro para a relatar matérias sobre o tema e dizem que ele faz parte de uma “direita equilibrada”.
A derrota, há 11 meses da eleição, abriria mais espaço para a oposição voltar a dominar as pautas no Congresso e ganhar novo protagonismo às vésperas do pleito.
O último revés para o governo ocorreu na queda da medida provisória econômica que previa corte de despesas e arrecadação para o governo. Apesar de ter iniciado uma reorganização da base governista, o Planalto ainda não tem a maioria dos votos garantida.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.