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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a dar sinais de que poderá disputar a Presidência da República em 2026, embora ainda evite assumir publicamente o papel de pré-candidato. Na quarta-feira (12), durante o Fórum de Investimentos Bradesco Asset, na capital paulista, ele afirmou que a direita pretende apresentar um “projeto para o Brasil” nas próximas eleições.
Diante de um público formado por analistas e executivos do mercado financeiro, Tarcísio disse que a disputa presidencial exigirá uma equipe “apaixonada pelo Brasil” e relativizou a importância do nome que irá liderar a chapa. “Independentemente de quem seja o condutor — e isso deixa de ser o mais importante — vamos ter sucesso”, afirmou. “Vamos apresentar esse projeto para o Brasil, e esse projeto será vitorioso”.
Ele também sustentou que o país precisa dar um “salto” e lamentou que o Brasil siga sendo ainda “o país do futuro”. Entre as prioridades de um plano nacional, citou ajuste fiscal e reformas estruturais. Reforçou ainda que governantes “não podem trabalhar pensando nas eleições”, mencionando como exemplo o Trem Intercidades Campinas–São Paulo, investimento de R$ 14 bilhões sem retorno político imediato, mas essencial ao desenvolvimento.
Alinhado ao discurso esperado pelo setor privado, o governador enfatizou responsabilidade fiscal e previsibilidade. Em outras ocasiões ao longo do ano, Tarcísio defendeu uma ampla reforma do Orçamento federal, de modo a flexibilizar e calibrar despesas hoje engessadas por vinculações e aumentos automáticos. Ele apelidou o conjunto de iniciativas para sanear as contas públicas e impulsionar o crescimento de "40 anos em quatro", em alusão ao slogan de Juscelino Kubitschek.
Visto como presidenciável, Flávio Bolsonaro posta foto com Tarcísio
Enquanto Tarcísio continua medindo o tempo de sua eventual entrada na corrida presidencial, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou nesta sexta-feira (14) a defesa da unidade da direita. Em foto publicada ao lado do governador, afirmou que ambos estarão juntos “em qualquer cenário” com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por suposta trama golpista.
“Minha única certeza é que Lula não será mais presidente do Brasil a partir de 2027!”, escreveu Flávio, sem indicar quais cargos ele e Tarcísio pretendem disputar. O senador, eleito em 2018, terá de buscar a reeleição em 2026 caso deseje permanecer no Senado — o que o impediria de concorrer ao Planalto sem perder o mandato. Tarcísio enfrenta dilema semelhante: reeleger-se em São Paulo é o caminho mais simples, dada a sua popularidade e a ausência, por ora, de adversários competitivos.
No campo conservador, aliados de Jair Bolsonaro ainda se dividem entre Flávio e Tarcísio. Parte vê vantagem no senador por carregar o sobrenome do pai e não enfrentar resistências na família, especialmente dos irmãos Eduardo e Carlos. Já Tarcísio é tratado por setores da direita como o nome mais viável para atrair apoios de centro-direita e ampliar a competitividade eleitoral do grupo em 2026.