Governo Lula gastou R$ 345 mil para trazer ex-primeira-dama do Peru, condenada por corrupção e lavagem de dinheiro, ao Brasil (Foto: Paolo Aguilar/EFE)

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A ONG Transparência Internacional lamentou o uso da Força Aérea Brasileira (FAB) para trazer ao Brasil a ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, que recebeu asilo do governo Lula após ser condenada por corrupção.

“FAB se prestando ao papel de piloto de fuga da primeira dama peruana condenada por corrupção, a mando do próprio chanceler Mauro Vieira e do presidente Lula, será lembrado como um dos episódios mais infames da história latino-americana. Desonra que o povo brasileiro não merecia”, afirmou a seção brasileira da Transparência Internacional em post no X.

A Gazeta do Povo solicitou posicionamento da FAB sobre o assunto, mas ainda não obteve retorno. Esta reportagem será atualizada caso haja resposta.

A Transparência Internacional fez o comentário ao compartilhar uma reportagem sobre a confirmação da FAB de que o governo Lula gastou R$ 345 mil na operação para trazer Heredia ao Brasil. O valor foi divulgado após um pedido de informações feito pelo líder do Novo na Câmara, Marcel van Hattem (Novo-RS).

Heredia e seu marido, o ex-presidente peruano Ollanta Humala (2011-2016), foram condenados pela Justiça do Peru a 15 anos de prisão no caso Odebrecht em abril.

Eles haviam sido acusados pela Operação Lava Jato do Peru de lavagem de dinheiro qualificada por financiamento ilegal, por parte do ex-ditador venezuelano Hugo Chávez e da construtora brasileira Odebrecht, para campanhas eleitorais de Humala em 2006 e 2011.

Após o anúncio da sentença, Heredia se refugiou e solicitou asilo na Embaixada do Brasil em Lima, pedido que foi aceito pelo governo Lula. Ela chegou a Brasília em um avião da FAB.

Humala está preso no presídio de Barbadillo, chamado no Peru de prisão dos ex-presidentes, já que lá também estão detidos os ex-mandatários Alejandro Toledo e Pedro Castillo.

Alberto Fujimori, que morreu em setembro de 2024 depois de ter sido colocado em liberdade em dezembro de 2023, também já esteve detido na unidade.

Este mês, a defesa de Heredia pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o cumprimento de qualquer mandado de prisão internacional ou pedido de extradição apresentado pelo governo peruano contra ela.

Na segunda-feira (10), o ministro Dias Toffoli afirmou que as provas fornecidas pela Odebrecht e utilizadas pela Justiça peruana contra Heredia são inválidas, mas não julgou o pedido para barrar um eventual mandado de prisão internacional ou processo de extradição contra ela.

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