Trump diz que vai processar BBC por até US$ 5 bilhões por ‘edição enganosa’ em documentário
Caso começou com a divulgação de um documentário pela BBC no ano passado, no qual o discurso de Trump antes dos distúrbios de 6 de janeiro de 2021 foi editado de forma que, segundo seus advogados, fez parecer que ele teria incitado uma ‘ação violenta’
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (14) que irá processar a BBC por danos financeiros que variam entre US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) e US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 26 bilhões). A ação é uma resposta a uma controvérsia envolvendo a edição de um vídeo de um discurso de Trump, no qual a emissora britânica foi acusada de ter distorcido suas palavras, dando a impressão de que ele incitou violência antes da invasão do Capitólio em janeiro de 2021.
“Vamos processá-los por um valor de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões, provavelmente na próxima semana. Acho que tenho que fazer isso. Eles até admitiram que enganaram”, disse Trump durante uma conversa a bordo do avião presidencial. O republicano acrescentou que a edição do vídeo causou indignação entre os britânicos e fortaleceu suas alegações de “notícias falsas”.
O caso começou com a divulgação de um documentário pela BBC no ano passado, no qual o discurso de Trump antes dos distúrbios de 6 de janeiro de 2021 foi editado de forma que, segundo seus advogados, fez parecer que ele teria incitado uma “ação violenta” por parte de seus apoiadores. Após protestos, a BBC pediu desculpas publicamente pela edição do material e afirmou que a forma como o vídeo foi editado poderia ter dado a falsa impressão de que Trump havia incentivado a invasão do Capitólio.
Em resposta, os advogados de Trump enviaram uma carta à emissora britânica exigindo uma retratação formal e o pagamento de uma indenização. A BBC, em sua defesa, declarou que “lamenta sinceramente a forma como as imagens foram editadas”, mas rejeitou a ideia de que houve qualquer base legal para um processo por difamação. A emissora também se desculpou diretamente com o ex-presidente, com o presidente do Conselho de Administração da BBC, Samir Shah, enviando uma carta pessoal à Casa Branca expressando o arrependimento da emissora.
A polêmica gerou consequências internas na BBC, levando à renúncia de seu diretor-geral e da chefe de sua emissora de notícias, a BBC News. A situação também tem gerado repercussão no Reino Unido, onde a imagem da BBC foi prejudicada, sendo vista por alguns críticos como uma prova de que a emissora teria contribuído para a disseminação de “notícias falsas” sobre o ex-presidente.
Trump afirmou que, além do processo contra a emissora, pretende discutir o episódio com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer. No entanto, Starmer, que apoia a independência editorial da BBC, não tomou partido em relação à disputa entre Trump e a emissora. A ação judicial que Trump promete apresentar deve colocar em foco não só a emissora britânica, mas também a questão da liberdade de imprensa e os limites da responsabilidade jornalística, especialmente em relação à edição e apresentação de conteúdos sensíveis.
*Com informações da AFP
