Turning Point USA já articula apoio a J.D. Vance para 2028

Declaração de Erika Kirk revela movimentação antecipada da direita americana para impulsionar o vice-presidente rumo à Casa Branca após a morte de Charlie Kirk

  • Por Eliseu Caetano
  • 26/11/2025 07h56 - Atualizado em 26/11/2025 07h58
EFE/EPA/SAMUEL CORUM / POOL Vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, discursa durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, em Washington J.D. Vance, atualmente vice-presidente dos Estados Unidos, se tornou uma das figuras mais comentadas do cenário político americano

A presidente da Turning Point USA, Erika Kirk, afirmou em entrevista ao programa de Megyn Kelly que o apoio da organização conservadora à possível candidatura presidencial de J.D. Vance em 2028 “está em andamento”.

A fala ocorreu durante uma conversa em que Erika relembrou as últimas discussões estratégicas que teve com seu marido, Charlie Kirk, fundador da TPUSA, antes de sua morte.

Segundo ela, Charlie tinha convicção de que Vance seria o nome mais preparado para assumir a liderança do movimento conservador nas próximas eleições. “Uma das últimas conversas que tivemos foi sobre o quanto ele era intencional em apoiar J.D. para ’28”, disse Erika, em referência ao atual vice-presidente.

A mídia americana repercute a declaração, classificando-a como o primeiro sinal público de que a TPUSA pode se tornar uma das bases eleitorais mais relevantes para Vance nos próximos anos.

A relevância da Turning Point USA no campo conservador

A Turning Point USA se consolidou na última década como uma das principais máquinas de mobilização jovem do conservadorismo americano. Com presença ativa em universidades, organização de conferências nacionais, produção de conteúdo digital e atuação direta em pautas ideológicas, a TPUSA se tornou um polo formador de quadros políticos, influenciadores e militantes.

A declaração de Erika Kirk, portanto, não é apenas um aceno político. Trata-se de uma sinalização estratégica que pode reposicionar a corrida republicana ainda antes de ela começar oficialmente. O apoio da TPUSA significa acesso a base militante, estrutura física, eventos, comunicação intensa e forte capilaridade dentro do eleitorado jovem — segmento que tem sido disputado com intensidade pelos dois partidos.

Quem era Charlie Kirk

Charlie Kirk, morto em setembro de 2025, era uma das figuras mais influentes da direita nos Estados Unidos. Aos 31 anos, já havia se tornado um nome central no ecossistema conservador, tendo fundado a Turning Point USA aos 18. Autor, palestrante e presença constante em programas de TV, Kirk era visto como articulador-chave entre lideranças políticas, influenciadores digitais e a juventude conservadora.

Sua morte ocorreu durante um evento da TPUSA no campus da Utah Valley University (UVU), em Orem, Utah. Charlie respondia a uma pergunta de um estudante quando foi atingido por um disparo vindo de um edifício próximo ao auditório. O episódio provocou comoção nacional e abriu uma série de debates sobre violência política, segurança em eventos públicos e radicalização ideológica.

O suspeito do assassinato, Tyler James Robinson, de 22 anos, foi formalmente acusado por homicídio qualificado, disparo de arma de fogo, obstrução de justiça e outros crimes, conforme relatado pela Associated Press e por autoridades locais. A promotoria informou que Robinson teria deixado recados indicando motivação política, elemento que intensificou o debate nacional sobre riscos a figuras públicas.

O impacto da morte de Kirk no movimento conservador

A ausência de Charlie Kirk criou um vácuo dentro da TPUSA e do movimento conservador juvenil. Ele era considerado um articulador de primeira ordem, responsável por conectar políticos, doadores, universidades, comentaristas e ativistas. Sua morte não apenas desestruturou a organização momentaneamente, mas reacendeu disputas internas sobre sucessão, rumo e estratégia.

A ascensão de Erika Kirk à liderança da TPUSA foi vista como um gesto de continuidade. Ela assumiu publicamente o compromisso de preservar e expandir o legado do marido, reforçando que sua atuação à frente da organização não seria apenas administrativa, mas também política.

É nesse contexto — de luto, transição e reorganização — que surge a sinalização em favor de J.D. Vance. Para muitos dentro do movimento conservador, trata-se de uma tentativa de manter a unidade e consolidar uma liderança nacional.

Por que J.D. Vance?

J.D. Vance, atualmente vice-presidente dos Estados Unidos, se tornou uma das figuras mais comentadas do cenário político americano. Autor do best-seller “Hillbilly Elegy”, Vance ganhou projeção por sua trajetória pessoal e por discursos que misturam críticas econômicas ao establishment com forte apelo cultural conservador.

Com o governo atual ainda em andamento, analistas consideram que Vance já desponta como um nome natural para a sucessão republicana. Seu perfil jovem, seu histórico de vida e sua capacidade de dialogar com a classe trabalhadora o colocam como possível herdeiro do populismo conservador que marcou as últimas eleições americanas.

O apoio da TPUSA reforçaria esse caminho, oferecendo a Vance uma vitrine estratégica e uma rede nacional de militância juvenil — algo que poucos candidatos possuem em escala comparável.

Desdobramentos possíveis

Especialistas políticos nos EUA apontam que o alinhamento antecipado da TPUSA pode provocar movimentos imediatos dentro do Partido Republicano.

Entre os principais pontos a observar:

1.Reação de outros potenciais candidatos: nomes que cogitavam disputar a indicação republicana podem ter de recalibrar suas estratégias diante da força organizacional da TPUSA.
2.Relação com doadores conservadores: a influência de Charlie Kirk sempre foi forte entre financiadores; a palavra de Erika pode reorientar parte desses recursos.
3.Impacto no eleitorado jovem: Vance pode consolidar uma vantagem significativa se conquistar a militância universitária conservadora — uma base difícil de obter sem estrutura prévia.
4.Repercussões internacionais: movimentos da direita americana frequentemente ecoam em outros países, inclusive no Brasil. A construção antecipada de uma candidatura conservadora forte pode influenciar discursos, estratégias e articulações de grupos ideológicos ao redor do mundo.

O que esperar daqui para frente

A declaração de Erika Kirk não formaliza oficialmente o apoio da TPUSA a J.D. Vance, mas indica que essa decisão está sendo tratada como encaminhada. A tendência é que, nos próximos meses, a organização intensifique encontros, eventos e discursos alinhados a essa perspectiva.
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Para observadores da política americana — e especialmente para o público brasileiro que acompanha de perto as movimentações da direita internacional — o avanço dessa articulação merece atenção. Ele não apenas coloca J.D. Vance um passo à frente, como também marca um reposicionamento estratégico de uma das entidades conservadoras mais influentes dos EUA.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.