Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS preso pela PF, com o presidente Lula.
Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS preso pela PF, com o presidente Lula. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Ouça este conteúdo

Para quem achava que a CPMI do INSS acabaria em pizza, grande engano! A operação policial deflagrada com nove ordens de prisão e outras tantas de busca e apreensão por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça comprovou que as investigações, tanto da Polícia Federal como do Congresso Nacional, estão dando resultado. E, no caso das ações desta semana, é importante lembrar: trata-se apenas da parte do escândalo que cabe à CONAFER, entidade responsável por cerca de R$ 700 milhões do escândalo de mais de R$ 6 bilhões já mapeados somente nos descontos associativos não autorizados.

A investigação da CPMI tem exposto ao público uma teia de relacionamentos promíscuos entre servidores públicos concursados, lobistas e dirigentes sindicais - todos sem o menor constrangimento em envolver familiares no mega esquema de lavagem de dinheiro. Os descontos feitos no contracheque de aposentados, sem suas autorizações, que supostamente reverteriam em benefícios como auxílio-saúde ou auxílio-funeral aos segurados do INSS, nada mais eram do que dinheiro desviado diretamente para empresas de fachada que funcionavam como lavanderias de ativos para serem depois embolsados pelos membros dessa poderosa quadrilha.

Percebe-se que, pelo volume do dinheiro roubado nesses últimos dois anos sob Lula na presidência, inequivocamente há governos em que a corrupção no seu seio é mais difícil e há outros governos em que a roubalheira passa a ser desenfreada

Relógios de luxo, joias, vinhos caros, carros importados, mansões: a ocultação do patrimônio mal havido já vem sendo revelada em matérias jornalísticas e pela própria CPMI há meses. O que começa a aparecer agora com a nova fase dos trabalhos de investigação, com mais clareza, é a engrenagem política que permitiu que a roubalheira durasse tanto tempo e fosse tão monstruosa apesar dos inúmeros alertas feitos por órgãos de controle como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

A tornozeleira eletrônica imposta em José Carlos Oliveira, ex-ministro do governo Bolsonaro, e a prisão de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS de Luiz Inácio Lula da Silva, ambos por recebimento de propina, demonstram que a corrupção dentro do INSS alcança todos os governos - inclusive muitos anteriores. Por outro lado, percebe-se que, pelo volume do dinheiro roubado nesses últimos dois anos sob Lula na presidência, inequivocamente há governos em que a corrupção no seu seio é mais difícil e há outros governos em que a roubalheira passa a ser desenfreada.

VEJA TAMBÉM:

Ainda durante o período eleitoral de 2022 e mais especialmente logo após a eleição de Lula, foram criadas empresas de fachada e entidades picaretas em profusão. Os mecanismos de controle interno foram completamente afrouxados. Decretos desrespeitados e instruções normativas editadas para facilitar o roubo. Até acordos de implementação de fiscalização com entidades e sindicatos corruptos foram feitos pelo INSS de Stefanutto, Lupi e Lula não para garantir o fim da gatunagem, mas como instrumentos para ampliá-la. É um acinte inegável!

Aparecem, agora, também, nomes de parlamentares dispostos a oferecer proteção aos ladrões dos aposentados e outras autoridades de alto escalão começam a aparecer nas investigações. Felizmente, o intuito que tinham de evitar a CPMI do INSS naufragou, apesar de terem conseguido atrasar sua instalação por meses. Perderam, porém, o comando da Comissão para a oposição ao governo Lula, que está empenhada em investigar, com o senador Carlos Viana (Podemos-MG) na presidência e o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) na relatoria, e viram a relatoria do caso no STF ficar nas mãos do ministro André Mendonça.

Ainda bem: se dependesse da base de Lula no Congresso e de Dias Toffoli no Supremo Tribunal Federal, a história certamente seria bem outra. Ganham os aposentados, perdem os corruptos de plantão.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos