Em meio à COP30, obras de Avenida no meio da floresta amazônica, no Pará, foram alvo de críticas de Donald Trump.
Em meio à COP 30, obras de estrada no meio da Floresta Amazônica, no Pará, foram alvo de críticas de Donald Trump. (Foto: Marcelo Souza/Agência Pará)

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Uma estrada em plena Floresta Amazônica, em zona de proteção de mananciais, que está afetando uma comunidade ribeirinha, segundo a Defensoria Pública do Pará. Um total de 160 geradores movidos a diesel para fornecer energia ao evento – a maioria deles para o ar-condicionado –, com combustível desenvolvido pela Petrobras especificamente para isso, desrespeitando o próprio edital, que pedia 100% de energia renovável. Dois navios transatlânticos italianos e belgas para hospedar 6 mil delegados internacionais, em cruzeiros que tiveram de vir ao Brasil vazios e sairão daqui vazios também, consumindo centenas de toneladas de diesel por dia. O custo? Nós, pagadores de impostos, pagamos R$ 30 milhões e teremos de pagar outros R$ 259 milhões caso as cabines fiquem vazias. A isso se somam R$ 3,7 milhões para a agencia de viagem. Para tudo isso, o Estado brasileiro contratou a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) por R$ 478 milhões, sem licitação. E bem na véspera houve até aprovação de pesquisa para extração de petróleo na Margem Equatorial!

Como fazer tudo isso minimizando os protestos dos ambientalistas e da própria base eleitoral? Basta dizer que é tudo por um bem maior! Pela COP 30! Para salvar o meio ambiente!

O TCU já apura suspeitas de superfaturamento. Cadeiras com valor de mercado de R$ 150 foram vendidas por R$ 1.650; frigobares de R$ 500 foram comprados a R$ 1,4 mil. A ONG Transparência Internacional também aponta falta de informações e de transparência sobre licenças ambientais, contratos e convênios em obras que chegam a R$ 2,8 bilhões.

Se a COP fosse uma videoconferência já poluiria bem menos

Não é só a COP 30. Eventos ambientalistas sempre poluem muito. São milhares de delegados do mundo inteiro, ar condicionado, estruturas fixas, toneladas de lixo. Calcula-se que 85% da poluição desses eventos venha dos voos internacionais. Muitos líderes mundiais vão de jatinho privado. Na COP 26, foram 118 jatinhos, incluindo o do então príncipe Charles (hoje rei), que faz do ambientalismo radical sua bandeira principal. Para virem até o Brasil, os aviões consumiram ainda mais combustível.

A COP 27, no Egito, emitiu 62.695 toneladas de CO2 (o cálculo é da ONU!), o que equivale às emissões anuais de 13,6 mil carros, ou de 16 mil a 20 mil residências. Para absorver tanto CO2 seriam necessários 2,85 milhões de árvores por um ano. Ou seja, se a COP fosse uma videoconferência já poluiria bem menos. E mesmo assim... você sabia que os websites das COPs poluem cerca de dez vezes mais que a média dos sites normais?

Nem preciso contar que as COPs costumam gerar um belo nada, um memorandum of understanding vago e tchau, até o próximo evento. Até porque se existe a COP 30 é porque as outras 29 não resolveram os problemas.

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Noruega e Alemanha costumam doar recursos para o Fundo Amazônia (um dinehiro que mal chega a quem precisa). A Noruega é um dos maiores produtores de petróleo do mundo. A Alemanha virou case internacional de política energética fracassada, fechou todas as usinas nucleares e agora está tendo de importar energia da França, o país que mais produz energia nuclear no mundo. Agora, em Belém, a Alemanha parou de doar dinheiro para esse fundo.

É puro greenwashing: divulgar uma imagem ambientalmente sustentável, mas falsa. Produtos, serviços e empresas fazem o mesmo: 85% dos produtos vendidos como “ecológicos” são falsos ou enganosos; 98% dos investidores enxergam greenwashing nos relatórios corporativos brasileiros, contra uma média mundial de 87%. Com a COP é a mesma coisa.

Até Greta Thunberg já entendeu que as COPs não resolvem nada. Ela mesmo disse que essas conferências “não são feitas para criar mudanças profundas, nem duradouras”, e que não passam de blablablá. São eventos autorreferenciais, que acabam escondendo o contrário do que propagandeiam. Não é hipocrisia, é esperteza, é estratégia. As COPs e o discurso ambientalista radical acabam sendo usados para isso, são funcionais a isso.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos