Cláudio Castro
Governador do RJ contesta afirmações do governo que usa operação contra o PCC como exemplo de ação. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

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O governador Cláudio Castro (PL-RJ), do Rio de Janeiro, minimizou nesta quarta (12) o uso da Operação Carbono Oculto pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como exemplo de ação eficiente contra o crime organizado, em contraponto à ação da polícia fluminense há duas semanas nos complexos da Penha e do Alemão que vitimou 121 pessoas e se tornou a mais letal da história do país.

A fala foi feita durante uma sessão solene no Senado que homenageou a ação das polícias do Rio de Janeiro e os quatro agentes mortos durante a megaoperação contra o Comando Vermelho. Para Castro, a investigação é apenas uma entre diversas frentes de atuação das facções criminosas, que seguem controlando diferentes setores da economia ilegal.

“Que bom que pelo menos uma dessas cadeias [de sustentação do crime organizado] agora tem sido investigada com a Carbono Oculto. Parece que é a solução do Brasil, não parece ser mais uma das cadeias utilizadas por eles”, disse.

A Operação Carbono Oculto investigou as ligações do PCC com o setor de combustíveis e o mercado financeiro, envolvendo o Gaeco do Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e a Polícia Militar paulista.

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Castro destacou que o crime organizado não se limita ao tráfico de drogas e que suas ramificações atingem diversos setores, como “internet, gás, transporte alternativo, e diversas outras que têm de ser igualmente combatidas. O garimpo ilegal, o desmatamento ilegal, todas têm o braço dessas organizações narcoterroristas”.

“Há quase dois anos eu venho falando que a segurança pública é a principal pauta do Brasil, até um pouco antes de as pesquisas de opinião começarem a falar isso”, afirmou o governador, reforçando que o problema exige uma abordagem mais ampla e integrada.

Cláudio Castro também contestou o argumento de parte da esquerda de que o crime organizado seria resultado da falta de oportunidades nas comunidades. Para ele, a questão está no aliciamento promovido pelas facções.

“É uma enormidade de dinheiro gasto, todas as comunidades têm escola, todas têm projeto esportivo, todas têm projetos culturais”, declarou.

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O ato no Senado foi organizado pelo senador Ciro Nogueira (PI) e pelo líder do partido na Câmara, deputado Doutor Luizinho (PP-RJ). Entre os participantes – majoritariamente do centrão e da direita –, o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) reforçou as críticas ao governo Lula, afirmando que o texto do PL Antifacção enviado pelo Planalto previa apenas “redução de pena para indivíduo pertencente a organização criminosa”.

“Foi difícil achar o que tinha de bom no projeto do governo federal. [...] Lamentavelmente, o presidente da República classificou os traficantes como vítimas. Foi ele que falou, não fui eu. E eu até estou tendo que me controlar politicamente aqui porque senão isso pode até atrapalhar o andamento do projeto, que pode ser pautado hoje”, completou.

Há a expectativa de que o projeto, que teve uma terceira versão apresentada na véspera, seja votado na sessão da tarde da Câmara. Após críticas do governo e pressão de órgãos e entidades de segurança pública, Derrite retirou dispositivos que se alegava ferirem a autonomia da Polícia Federal e alterar a Lei Antiterrorismo.