Advogado Jeffrey Chiquini e ministro Alexandre de Moraes.
Advogado Jeffrey Chiquini e ministro Alexandre de Moraes. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

O advogado Jeffrey Chiquini, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, disse que a acusação utilizou um celular como prova, mas que este não foi periciado. O advogado fez sua sustentação oral nesta quarta-feira (12).

"Não tem laudo de extração. O celular que foi apreendido com Azevedo não foi periciado até hoje. Não existe laudo de perícia de um celular apreendido. Eu nunca vi, em toda a minha tenra advocacia criminal, uma situação como essa, na fase de julgamento não ter o laudo de extração do celular. Como nós estamos conseguindo essas provas? Um pouco do que estamos conseguindo com amigos, com parentes, com nuvens. É assim que a nossa acusação está sendo feita (sic.). Um preso correndo atrás de provas de inocência, sendo que a acusação não conseguiu comprovar a culpa."

Em outro trecho, ele complementa: "Todo celular de traficante nesse país, antes do julgamento, vem o laudo pericial com o extrato do WhatsApp." Ele aponta possíveis provas que poderiam inocentar o réu, caso o laudo subisse aos autos: "E se durante a ação clandestina o Azevedo estava respondendo mensagens de WhatsApp, ele estava falando com pessoas? Eu não sei, nem a acusação sabe, ou sabe e não quis me dar."

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Jeffrey também questionou a linha acusatória da Procuradoria-Geral da República: "Então um FE [Forças Especiais] ficou seis meses com um celular que foi utilizado em uma ação clandestina, e colocou o seu CPF nesse celular. Quanta infantilidade."

Azevedo é réu no núcleo 3, que investiga, dentre outros, militares das Forças Especiais - chamados de kids pretos - acusados de participar de uma organização criminosa para articular suposto golpe de Estado entre o final de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

Jeffrey Chiquini também defende o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins. Ele é acusado no núcleo 2, que foca em assessores de Bolsonaro. O órgão de controle de fronteiras dos Estados Unidos se manifestou sobre uma das provas usadas pela acusação contra Filipe. A Polícia Federal utilizou um registro de entrada nos Estados Unidos no sistema "travel history". O sistema possui, logo no aviso inicial, uma vedação ao uso não autorizado por governos estrangeiros. Por meio de nota, o órgão americano informou que o registro de entrada não é verdadeiro, e que está apurando a inserção falsa.