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Dias depois dos Estados Unidos apresentarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional que coloca a América Latina como foco central da política externa americana, a China divulgou um documento expondo ambições semelhantes na região.
O plano informa que Pequim busca expandir ainda mais sua relação "em todas as frentes" com países do continente. Entre os pontos está a expansão das atividades do regime de Xi Jinping no comércio e investimentos na ciência e tecnologia.
O gigante asiático também renovou seu interesse político na América Latina e Caribe, com uma crescente participação em setores estratégicos como o militar, espacial e na área de inteligência artificial.
Sem citar os Estados Unidos diretamente, o "Livro Branco" chinês - como são conhecidos os documentos oficiais da ditadura comunista que falam da estratégica nacional em questões sensíveis - condenou a imposição de tarifas de forma unilateral e outras políticas em relação à região, considerando essas medidas "intimidação".
O documento citou importantes fóruns regionais como meios de manter sua influência. O principal deles é a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), incluindo os vários subfóruns China-CELAC criados nesse âmbito.
Pequim evitou mencionar instituições do Sistema Interamericano nas quais os Estados Unidos estão presentes, incluindo a Organização dos Estados Americanos (OEA), onde o regime chinês atua como observador ativo desde maio de 2004.
A China voltou a defender um distanciamento do dólar nas relações comerciais com países da América Latina. O novo plano estratégico chinês destacou o interesse do gigante asiático em promover transações em moedas locais, por meio de swaps e outros mecanismos financeiros que tirem os Estados Unidos do foco.
O documento também menciona uma série de mecanismos de financiamento, incluindo os "títulos panda" para financiar projetos do regime de Xi na América Latina. O novo livro branco da China menciona especificamente investimentos em petróleo e gás, bem como projetos de infraestrutura (incluindo infraestrutura de eletricidade e telecomunicações), a indústria manufatureira na América Latina e a agricultura como áreas em que Pequim seguirá interessado nos próximos anos.