Professores e alunos em escola cívico-militar da rede estadual: estudo aponta melhora no rendimento e nas relações em sala de aula.
Professores e alunos em escola cívico-militar da rede paranaense: estudo aponta melhora no rendimento e nas relações em sala de aula. (Foto: Lucas Fermin/Governo do Paraná)

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Cinco anos após o início da implementação, o modelo cívico-militar consolidou-se como uma das políticas educacionais mais bem avaliadas da rede estadual do Paraná. De acordo com levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas a pedido da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), 89,3% dos pais e 90,4% dos professores e pedagogos dizem estar satisfeitos com o modelo, que atende 312 escolas e cerca de 190 mil alunos.

O levantamento indica uma mudança de percepção entre os profissionais da educação. Antes de conhecer o programa, 46,3% eram favoráveis à proposta. Após a experiência prática, a taxa de aprovação subiu para 69,9%. “Os professores afirmam que se sentem mais respeitados e que conseguem ensinar melhor dentro das escolas cívico-militares”, afirma o secretário paranaense da Educação, Roni Miranda.

Entre os pais, 79,2% afirmaram que recomendariam as escolas cívico-militares a outras famílias, e 82,1% disseram perceber mais disciplina nos estudantes. A maioria (70,5%) acredita que os filhos estão aprendendo mais desde a adoção do modelo.

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Disciplina e resultados são pilares do modelo cívico-militar

A pesquisa revela que o principal diferencial do modelo cívico-militar é a combinação entre disciplina e desempenho acadêmico. Segundo Roni Miranda, 84% das escolas que adotaram o formato apresentaram melhora em indicadores educacionais, percentual que supera o das unidades regulares.

“O que impacta não é apenas a presença dos monitores militares, mas o ambiente mais organizado, que permite ao professor focar na aprendizagem”, explica o secretário. De acordo com ele, a função dos militares da reserva — que atuam como monitores e não como gestores — é cuidar da rotina e da ordem externa à sala de aula, enquanto os docentes conduzem o processo pedagógico.

O Paraná é o estado com o maior número de escolas cívico-militares do país.

Miranda destaca que o custo por aluno é semelhante ao das escolas regulares. “A diferença é que o estudante da cívico-militar tem uma aula a mais por dia e conta com um monitor militar que recebe diárias, não salário fixo. O impacto orçamentário é mínimo, mas o ganho em aprendizado e comportamento é significativo”, diz.

O Paraná é o estado com o maior número de escolas cívico-militares do país. A Seed prevê que o número pode ultrapassar 360 unidades em 2026, caso a comunidade escolar aprove a adesão de mais 50 colégios em consulta prevista para este mês de novembro.

Estudante do Colégio Cívico-Militar do Paraná durante aula: pesquisa mostra que 90% de pais e professores aprovam o modelo, que combina disciplina e foco na aprendizagem.Estudante de colégio cívico-militar do Paraná durante aula: pesquisa mostra que 90% de pais e professores aprovam o modelo, que combina disciplina e foco na aprendizagem. (Foto: Lucas Fermin/Governo do Paraná)

Famílias relatam ganhos de disciplina e responsabilidade

Entre as famílias, o sentimento é de aprovação. Silvana Kowalski, mãe de Isadora, aluna de 15 anos do Colégio Cívico-Militar Dias da Rocha, em Araucária, diz que o modelo contribuiu para a formação pessoal da filha. “Escolhemos a escola por valorizar disciplina e respeito. A Isadora ficou mais organizada, responsável e madura. Eu super recomendaria esse modelo”, afirma.

Para Silvana, a diferença não está apenas nas regras, mas na postura dos estudantes. “Vejo adolescentes mais comprometidos com os estudos e com a vida. O modelo cívico-militar contribui muito para a formação integral”, completa.

O secretário Roni Miranda reforça esse ponto. “As escolas cívico-militares não são apenas sobre regras ou fardas. Elas trabalham valores como respeito, compromisso e responsabilidade — elementos que fazem diferença na trajetória dos alunos”, afirma.

Expansão do modelo cívico-militar e novos desafios

O crescimento do programa é acompanhado por uma forte demanda social. Segundo a secretaria estadual, há fila de mais de 10 mil estudantes aguardando vaga em escolas cívico-militares. “Esses alunos não estão fora da rede, mas querem migrar para o modelo. Isso mostra a confiança das famílias no formato”, diz Miranda.

Um dos focos é integrar o modelo cívico-militar ao ensino em tempo integral, área em que há ociosidade de vagas. “Estamos unindo as duas frentes. Assim, conseguimos aproveitar espaços e oferecer uma formação mais completa, com disciplinas como projeto de vida, educação financeira e robótica”, explica o secretário.

A pesquisa também identificou melhorias na infraestrutura das escolas: 83,2% dos professores perceberam reformas e reparos nos últimos dois anos, e 85,5% notaram a chegada de novos equipamentos e mobiliário. Para fortalecer o modelo, a Seed mantém formações contínuas com professores e militares.

“O maior aprendizado foi entender que o militar deve cuidar da disciplina, enquanto o professor é responsável pela aprendizagem. Essa integração gera resultados consistentes”, diz Miranda.

Entre as ações recentes, o estado criou um sistema de pontuação e premiação que valoriza o bom desempenho dos alunos. “O estudante começa com 10 pontos e ganha créditos conforme o comportamento e a dedicação. Isso ajuda a manter o ambiente harmonioso e estimula o protagonismo”, explica o secretário.

Com aprovação de mais de 90% e crescente adesão das comunidades escolares, o modelo cívico-militar se consolida como uma política pública estruturante na educação paranaense. Para Roni Miranda, o segredo está na soma entre disciplina e resultados. “É um casamento quase perfeito. Sempre há o que melhorar, mas o caminho é esse: mais aprendizagem e valorização dos professores”, conclui.

A tendência é que, nos próximos anos, o Paraná avance na expansão do programa e no aperfeiçoamento da integração pedagógica. E, segundo famílias como a de Silvana, o impacto vai além das notas. “O modelo ajuda a formar cidadãos conscientes e comprometidos. Isso é o que mais importa”, resume a mãe.

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