COP 30
Facção fluminense ameaçou trabalhadores de uma subestação de energia considerada crítica para abastecer a conferência. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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A organização da COP 30 de Belém foi ameaçada pelo Comando Vermelho de um ataque a uma subestação de energia considerada crítica por abastecer as instalações da COP 30, que iniciou nesta quinta (6) os eventos preparatórios para a conferência marcada para começar oficialmente na próxima segunda (10).

De acordo com informações confirmadas à Gazeta do Povo pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a concessionária que administra a subestação informou que “as ameaças foram feitas no dia 30 de outubro, por um indivíduo que se identificou como integrante da facção criminosa Comando Vermelho”. A ameaça foi feita junto de “exigências explícitas” como a suspensão imediata da obra de expansão da subestação Marituba-Belém e a interrupção diária de todas as atividades de operação da estrutura a partir das 15h.

“A pasta ressalta que a empresa administradora do contrato da Subestação Belém-Marituba, Verene Energia S.A., encaminhou informações relatando atos de coação e ameaças de ataques às obras de implantação de reforço da Subestação 500/230 kV Marituba, localizada no estado do Pará (PA). Essa instalação é considerada infraestrutura crítica do Sistema Interligado Nacional (SIN)”, afirmou o MJSP em nota à reportagem (veja na íntegra mais abaixo).

A Gazeta do Povo tenta contato com a Verene Energia S.A. para explicar a ameaça. A reportagem também procurou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ministério de Minas e Energia (MME), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e aguarda retorno. Já a Polícia Federal informou que não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento.

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Ainda à reportagem, o MJSP afirmou que elaborou um relatório de inteligência, na última segunda-feira feira (3), e enviou para as forças de segurança do Pará e demais órgãos envolvidos e que “tão logo tomou conhecimento dos fatos, iniciou imediatamente a apuração e o devido encaminhamento aos órgãos competentes”.

A Secretaria de Segurança Pública do Pará informou à Gazeta do Povo que a subestação está em funcionamento e as obras no local e entorno seguem normalmente. "A Polícia Militar atua com rondas e policiamento fixo na área. Já a Polícia Civil realiza diligências para investigar a denúncia", completou.

Já à rádio CBN, a secretaria informou que o “time de inteligência” foi acionado para monitorar “qualquer movimento diferente na situação”. “Qualquer movimento diferente a gente detecta e consegue, claro, alertar a nossa tropa, preparar um policiamento, preparar uma grande operação e, assim, proteger a população do Pará”, afirmou.

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A pasta seguiu dizendo que está preparada “para o que vier”, inclusive possíveis retaliações da facção criminosa.

“Se quiserem fazer, a gente está preparado também, mas também ela pode não ocorrer. Isso é uma incógnita que somente a inteligência nos aponta e a gente tem um planejamento próprio para cada tipo de situação”, completou ressaltando que a Polícia Militar atua com rondas de policiamento nas imediações da subestação e que a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar a ameaça.

A subestação de Marituba-Belém tem um papel estratégico na COP 30 e é considerada uma estrutura crítica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Também na última segunda (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Belém e nos municípios paraenses de Altamira e Tucuruí durante a realização do evento.

A medida permite o uso das Forças Armadas na segurança pública de infraestruturas essenciais como usinas hidrelétricas, portos, aeroportos, estações de tratamento de água e vias de acesso, além de garantir a segurança das autoridades que participarão do evento.

Veja abaixo a nota completa do MJSP sobre a ameaça do Comando Vermelho à transmissão de energia da COP 30:

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) esclarece que elaborou um relatório de inteligência, nessa segunda-feira (3), e enviou para as forças de segurança do Pará, Polícia Federal (PF), Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República.

A pasta ressalta que a empresa administradora do contrato da Subestação Belém-Marituba, Verene Energia S.A., encaminhou informações relatando atos de coação e ameaças de ataques às obras de implantação de reforço da Subestação 500/230 kV Marituba, localizada no estado do Pará (PA). Essa instalação é considerada infraestrutura crítica do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Segundo a referida empresa, as ameaças foram feitas no dia 30 de outubro, por um indivíduo que se identificou como integrante da facção criminosa Comando Vermelho, apresentando as seguintes exigências explícitas:

1. Suspensão imediata da obra de expansão da Subestação Marituba; e

2. Interrupção diária de todas as atividades de operação da subestação a partir das 15h.

Portanto, tão logo o MJSP tomou conhecimento dos fatos iniciou imediatamente a apuração e o devido encaminhamento aos órgãos competentes.