Roberta Luchsinger chegou a ser alvo de requerimentos de convocação, mas pedidos foram rejeitados (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

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O escândalo do INSS ganhou novos e gravíssimos capítulos. A mais recente operação da Polícia Federal avançou sobre o núcleo político e administrativo do esquema, trazendo à luz novas denúncias envolvendo o filho do presidente da República, Fábio Luís “Lulinha” da Silva, o senador Weverton (PDT-MA) e culminando na prisão de Adroaldo Portal, o número dois do Ministro da Previdência de Lula, Wolney Queiroz. Não se trata de meras suspeitas difusas ou de narrativas de oposição: trata-se de fatos objetivos, decisões judiciais, relatórios da Polícia Federal e prisões concretas. Dezesseis presos somente nessa nova fase da operação. A engrenagem da fraude que roubou aposentados e pensionistas começa, finalmente, a ser exposta.

A prisão de Adroaldo Portal, figura central na estrutura do Ministério da Previdência de Lula, inclusive sob a gestão de Carlos Lupi, desmonta de vez a tentativa do governo de minimizar o caso como um “desvio pontual” ou de um caso que vinha de longe e foi apenas desbaratado neste governo. Estamos diante de um esquema que explodiu durante esta gestão petista, com ramificações políticas, administrativas e financeiras, e que drenou recursos públicos roubando diretamente dos mais vulneráveis: órfãos, viúvas, pessoas com deficiência, idosos acamados e já no fim de suas vidas. A CPMI do INSS não apenas se justifica: ela se impõe como dever moral e institucional do Parlamento.

Se o discurso de Lula não for apenas mais uma de suas bravatas, o PT terá de votar a convocação de Lulinha já na primeira reunião da CPMI na volta do recesso

Nesse contexto, chama atenção a hipocrisia de Lula. Em declaração no mesmo dia da operação da PF que incluiu menções de participação de Lulinha no esquema, o presidente afirmou que “se tiver filho meu metido nisso, ele será investigado”. Pois bem. As investigações já avançaram. Há decisões judiciais, há relatórios da Polícia Federal e há diálogos que colocam Lulinha no centro de movimentações financeiras absolutamente suspeitas, incluindo a chamada “mesada” de R$ 300 mil.

Mesmo assim, até hoje qualquer tentativa de trazer seu filho à CPMI foi rejeitada justamente pelos votos da base do governo. Foi por isso que protocolamos novo requerimento para convocar Lulinha à CPMI, para que explique sua relação com personagens-chave do esquema, como o Careca do INSS e a lobista Roberta Luchsinger. Se o discurso de Lula não for apenas mais uma de suas bravatas, o PT terá de votar a convocação de Lulinha já na primeira reunião da CPMI na volta do recesso.

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Além disso, os fatos novos deixam claro que o prazo que a CPMI ainda tem para funcionar é insuficiente. As prisões, as novas denúncias e o volume crescente de provas demonstram que ainda há muito a investigar - só de quebras de sigilos temos milhares de documentos já de posse da CPMI. Não foi por outro motivo que o requerimento de minha autoria para prorrogar os trabalhos da CPMI do INSS por mais 120 dias atingiu o número mínimo de assinaturas de um terço de deputados e senadores em menos de 24 horas. Foram mais de 200 parlamentares a favor da extensão dos trabalhos investigativos até o fim de julho de 2026.

A CPMI do INSS é hoje uma trincheira fundamental em defesa do mais fraco, da moralidade administrativa e da responsabilização dos criminosos. O Parlamento não pode se ajoelhar diante do Executivo, nem aceitar pressões para poupar aliados do poder. Quem não deve, não teme investigação. Quem defende a ética não pode fugir da transparência.

Seguiremos trabalhando sem descanso, contra toda blindagem e sem concessões. O Brasil só vencerá esse cansativo ciclo de corrupção quando o Congresso cumprir, integralmente, seu papel de fiscalizar o poder e proteger o cidadão contra os abusos de um Estado aparelhado por ladrões e oportunistas. A prorrogação dos trabalhos da CPMI e a convocação de Lulinha são passos indispensáveis para que a verdade venha à tona e que ninguém se ache acima da lei.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos