Diretor-geral da PF confirma rota de fuga de Ramagem pela Guiana
Andrei Rodrigues também detalha prisão de facilitador em Manaus e apresenta balanço anual com a menor taxa de desmatamento da década; fiscalização revela que 30% dos CACs não possuem armas próprias
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, apresentou nesta segunda-feira (15) um balanço das ações da corporação em 2025. Além dos números recordes no combate ao crime organizado, a coletiva foi marcada por anúncios a respeito da fuga do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e a prisão de um suspeito de facilitar sua saída do país.
Andrei Rodrigues confirmou que Alexandre Ramagem, atualmente foragido nos Estados Unidos após condenação no inquérito da trama golpista, deixou o Brasil por via terrestre. A rota utilizada passou pela Guiana, sem registro em controles migratórios, configurando uma saída clandestina.
No último sábado (13), a PF prendeu em Manaus (AM) Celso Rodrigo de Mello, filho do empresário Rodrigo Cataratas, conhecido por atuar em áreas de garimpo. A prisão, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreu sob a suspeita de que Mello teria dado suporte logístico para a fuga do parlamentar.
“A investigação segue sob sigilo, mas já identificamos que a saída se deu pela fronteira norte, via Guiana. O preso será interrogado nesta semana para esclarecer a dinâmica da facilitação da fuga”, afirmou o diretor-geral.
Asfixia financeira no Crime Organizado
No combate às facções criminosas, a PF impôs um prejuízo histórico de R$ 6,1 bilhões. Os dados operacionais reforçam a intensificação das ações:
– 3.310 operações homologadas (aumento em relação ao ano anterior);
– 2.413 mandados de prisão cumpridos;
– 394 pessoas presas especificamente em áreas de fronteira, focando na desarticulação de rotas internacionais de tráfico;
Menor desmatamento da década
Na pauta ambiental, a Polícia Federal destacou a correlação direta entre o combate ao crime e a preservação. A Amazônia registrou 5,8 mil km² de desmatamento em 2025, a menor taxa dos últimos dez anos.
A redução das atividades ilegais de garimpo refletiu na apreensão de maquinário: foram 361 dragas destruídas no período. Segundo Andrei Rodrigues, o número caiu pela metade em comparação a anos anteriores justamente porque “houve uma redução drástica das atividades ilegais de garimpeiros na região”.
Controle de armas
Desde que assumiu a fiscalização dos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs) em julho deste ano, a PF mapeou um universo de 1,02 milhão de registros. Um dado chamou a atenção dos investigadores: 30% desses inscritos não possuem armas registradas em seus acervos pessoais.
Segundo a corporação, esse contingente utiliza armamentos disponibilizados por clubes de tiro, o que indica uma mudança no perfil do atirador desportivo ou um reflexo do endurecimento das regras para aquisição de arsenal próprio.

