bispo espanha
José Ignacio Munilla em foto de 2022 (Foto: Romanuspontifex/Wikimedia Commons)

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O Ministério Público da Espanha abriu uma investigação contra o bispo José Ignacio Munilla por supostos crimes de “discurso de ódio” e “discriminação”, após declarações feitas por ele no ano passado em uma emissora de rádio em Madri. Na ocasião, o religioso criticou a lei que proíbe que psicólogos ofereçam acompanhamento a pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo quando esse apoio possa ser interpretado como “terapia de conversão”, prática vetada pela legislação espanhola.

De acordo com um documento ao qual a agência EFE teve acesso, o procedimento foi aberto depois que a plataforma progressista Tu pueblo y el mío apresentou uma denúncia classificando as falas do bispo como “homofóbicas”. Como a declaração contestada ocorreu em Madri, o caso passou à competência da Promotoria Provincial da capital.

Em publicação na rede X, Munilla afirmou que o processo “obviamente não tem qualquer fundamento jurídico” e acusou os denunciantes de tentar intimidar a Igreja.

“Obviamente, isso não tem qualquer fundamento jurídico e apenas busca amedrontar a Igreja para que ela não se atreva a anunciar a Boa Nova do amor cristão, tentando impor à sociedade uma ‘antropologia de Estado’ baseada na chamada ‘teoria de gênero-LGBTI’”, escreveu.

Munilla ressaltou ainda que não recebeu nenhuma comunicação oficial da Promotoria e avaliou que há “mais interesse mediático que judicial” no caso. Ele também negou ter feito ataques direcionados ao público LGBTI.

“É totalmente falso que eu tenha dirigido qualquer crítica a grupos LGBTI”, disse.

No mesmo post, o bispo ampliou suas críticas à legislação espanhola.

“É irônico que aqueles que defendem a liberdade para mudar de sexo - com hormônios e cirurgias incluídos - proíbam os homossexuais de solicitar livremente aquilo que eles qualificam como ‘terapia de conversão’”, escreveu.

O religioso reiterou que a Igreja continuará oferecendo orientação espiritual a quem procurar esse tipo de apoio.

“Não vamos deixar de acompanhar as pessoas com inclinações homossexuais que nos peçam livremente ajuda espiritual para viver em castidade”, afirmou.

A investigação em curso busca determinar se as declarações de Munilla podem configurar discurso de ódio ou violação da dignidade, nos termos do Código Penal espanhol.

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