Espumante mais prestigioso da Itália, Franciacorta é boa opção para o fim de ano

A Itália é um dos maiores e mais diversos produtores de vinhos espumantes do mundo, oferecendo rótulos que vão de estilos leves e informais a exemplares de grande prestígio

  • Por Esper Chacur Filho
  • 21/12/2025 07h00
jjb O Franciacorta é o espumante mais prestigioso da Itália e uma das grandes referências mundiais entre os vinhos elaborados pelo método tradicional

As festas de fim de ano trazem, sempre, significativo incremento no consumo e procura por espumantes que, por suas características borbulhantes carregam a alegria das comemorações e congraçamentos. Dos espumantes, o mais buscado para as comemorações é o Champagne, entretanto seu custo costuma inviabilizá-lo. Os espumantes nacionais têm sido uma grande opção de consumos, mas não são só eles que se colocam à oferta no mercado, sendo verdade que há espumantes espanhóis e italianos de altíssima qualidade e características que entregam prazer a custos bem possíveis. Aqui vou tratar dos espumantes italianos, que, afora o “Prosecco”, não são tão conhecidos do brasileiro, merecendo sê-lo.

A Itália é um dos maiores e mais diversos produtores de vinhos espumantes do mundo, oferecendo rótulos que vão de estilos leves e informais a exemplares de grande prestígio. A produção está espalhada por várias regiões, com destaque para o Vêneto, berço do Prosecco, o espumante italiano mais conhecido internacionalmente, elaborado principalmente a partir da uva Glera, com perfil fresco, frutado e fácil de beber. No Piemonte, surgem espumantes mais estruturados e aromáticos, como o Asti, feito com Moscato Bianco, marcadamente doce e perfumado, além de versões secas e complexas produzidas pelo método tradicional. A Lombardia, especialmente a região da Franciacorta, é referência em espumantes de alta qualidade. Outras regiões como Trentino-Alto Ádige, Emilia-Romagna e Sicília também têm produção relevante, com estilos que vão do fresco e mineral ao frutado e descontraído, como o Lambrusco. De modo geral, os espumantes italianos se caracterizam pela diversidade de estilos, pela forte ligação com as castas locais e por uma ampla gama de perfis que atendem tanto ao consumo cotidiano quanto a ocasiões mais sofisticadas.

Com destaquei acima, o Franciacorta é o espumante mais prestigioso da Itália e uma das grandes referências mundiais entre os vinhos elaborados pelo método tradicional. Ele é produzido na região da Franciacorta, situada na Lombardia, ao norte do país, entre a cidade de Brescia e o Lago d’Iseo. A área se beneficia de um clima moderado, influenciado pelo lago, e de solos de origem morênica, ricos em minerais, fatores que contribuem para a elegância e a complexidade dos vinhos.

A produção do Franciacorta segue rigorosamente o método tradicional (ou clássico), o mesmo utilizado na Champagne, com a segunda fermentação ocorrendo dentro da garrafa. Após a fermentação do vinho base, adiciona-se o licor de tiragem, dando início à formação natural das borbulhas. O espumante permanece em contato com as leveduras por longos períodos, o que lhe confere maior cremosidade, complexidade aromática e estrutura. A legislação da denominação é bastante exigente, estabelecendo tempos mínimos de envelhecimento superiores aos de muitos outros espumantes do mundo.

As uvas autorizadas para a produção do Franciacorta são a Chardonnay, a Pinot Nero (Pinot Noir) e a Pinot Bianco, sendo esta última limitada a pequenas proporções. Mais recentemente, a denominação também passou a permitir o uso da casta Erbamat, uma variedade autóctone de elevada acidez, empregada em percentuais reduzidos para reforçar frescor e longevidade. De modo geral, a Chardonnay aporta elegância e notas cítricas, a Pinot Nero contribui com estrutura e profundidade, enquanto a Pinot Bianco adiciona delicadeza.

Do ponto de vista gustativo, os Franciacortas são conhecidos pela acidez equilibrada, pela textura cremosa e pelas borbulhas finas e persistentes. O envelhecimento é um dos pilares da identidade do Franciacorta. A legislação exige um mínimo de 18 meses sobre as borras para os exemplares não safrados, 24 meses para os safrados (Millesimato) e 60 meses para os Riserva, o que confere maior profundidade aromática e excelente capacidade de guarda. Muitos Franciacortas, especialmente os de categorias superiores, podem evoluir de forma positiva por vários anos após o dégorgement.

A denominação contempla diferentes tipos de Franciacorta, de acordo com o estilo e o método de elaboração. O Franciacorta Non-Vintage representa o perfil clássico da região, equilibrado e versátil. O Franciacorta Satèn, exclusivo da denominação, é feito apenas com uvas-brancas e apresenta menor pressão interna, resultando em um espumante mais macio, sedoso e delicado. O Franciacorta Rosé inclui Pinot Nero em maior proporção, oferecendo mais estrutura e notas de frutas vermelhas. Já o Millesimato expressa as características de uma safra específica, enquanto o Riserva representa o ápice qualitativo, com longo envelhecimento e grande complexidade.

Em comparação com a Champagne, o Franciacorta compartilha o mesmo método de produção e utiliza castas semelhantes, o que resulta em estilos igualmente refinados. A principal diferença está no terroir e no clima: a Champagne possui clima mais frio, gerando vinhos de acidez mais cortante e perfil mais austero, enquanto a Franciacorta, com clima ligeiramente mais ameno, tende a produzir espumantes de fruta mais madura, textura mais macia e abordagem um pouco mais generosa. Ambos ocupam posições de excelência no mundo dos espumantes, representando, cada um à sua maneira, o máximo de sofisticação de seus respectivos países.

Recomendo muito que aqueles que apreciam espumantes, se aventurem pelos italianos, especialmente os da Lombardia. Salut!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.