JD Vance testa força como herdeiro da nova direita americana
Discurso em megaconvenção conservadora mistura homenagem, mobilização ideológica e sinais claros de 2028
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, deixou de lado o tom institucional e falou diretamente à base conservadora ao encerrar a edição mais simbólica da AmericaFest, convenção organizada pela Turning Point USA, realizada em Phoenix, no Arizona.
O discurso marcou não apenas uma homenagem, mas também um movimento político calculado: consolidar Vance como uma das principais vozes da direita americana no pós-Trump.
O evento foi o primeiro desde a morte do fundador da organização, Charlie Kirk, assassinado em setembro. Diante de milhares de jovens ativistas, Vance transformou o tributo em uma mensagem de continuidade política. Segundo ele, a melhor forma de honrar Kirk seria manter vivo o projeto de uma direita organizada, militante e culturalmente engajada.
“A melhor maneira de honrar Charlie é que nenhum de nós faça, depois da morte dele, algo que ele se recusou a fazer em vida”, afirmou Vance, sob aplausos.
Endosso público e o fantasma de 2028
Um dos momentos mais comentados da conferência veio fora do discurso do vice-presidente. Erika Kirk, viúva de Charlie Kirk e atual CEO da Turning Point, declarou apoio explícito a uma eventual candidatura de Vance à presidência em 2028.
“Vamos eleger J.D. Vance como o próximo presidente dos Estados Unidos”, disse ela no palco.
Vance não confirmou nem negou planos eleitorais, mas agradeceu publicamente a Erika Kirk, elogiando sua “força” e “liderança”. Para analistas políticos americanos, o gesto foi suficiente para alimentar especulações sobre o papel que o vice-presidente pretende desempenhar no próximo ciclo eleitoral.
Discurso para a base, não para o centro
O conteúdo da fala seguiu o roteiro esperado para o público da AmericaFest. Vance reforçou temas como cristianismo, patriotismo e o lema “America First”, defendendo que o movimento conservador deve se manter unido e organizado para enfrentar o que chamou de avanço da esquerda nos Estados Unidos.
Sem citar diretamente adversários nacionais, ele fez críticas indiretas a lideranças democratas, entre elas o governador da Califórnia, Gavin Newsom, frequentemente mencionado por conservadores como potencial candidato democrata à Casa Branca.
Vance também pediu que o movimento evitasse “testes de pureza ideológica”, um recado interno em meio a disputas e rachas recentes dentro da própria direita americana.
Política, cultura pop e o novo formato da militância
A atmosfera da convenção reforçou como política e entretenimento estão cada vez mais misturados nos Estados Unidos. O ex-presidente Donald Trump participou brevemente por telefone, mantendo sua presença simbólica junto à base.
Já a aparição da rapper Nicki Minaj no palco, ao lado de Erika Kirk, virou um dos momentos mais comentados do evento. A artista fez críticas a políticas democratas e foi celebrada por apoiadores conservadores como exemplo de alcance cultural do movimento.
Um teste de liderança
Com a eleição presidencial de 2028 ainda distante, eventos como a AmericaFest funcionam como termômetro político. O que se viu em Phoenix foi um vice-presidente confortável fora do protocolo, falando a língua da base, recebendo endosso público e ocupando espaço que tradicionalmente pertence a candidatos em campanha.
JD Vance pode não ter anunciado nada oficialmente. Mas, ao sair aplaudido de um dos maiores palcos da direita americana, deixou um recado claro: ele não está apenas compondo um governo. Está construindo, passo a passo, um projeto próprio dentro do conservadorismo dos Estados Unidos.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

