Merz afirma que Lula terá que aceitar que a Alemanha é um dos países mais bonitos do mundo
Chanceler europeu comenta repercussão negativa de falas sobre a capital paraense e projeta continuidade do diálogo diplomático sem pedidos de desculpas
O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, abordou novamente, nesta quarta-feira (19), o episódio que gerou tensão diplomática entre seu governo e o Brasil. Em declaração realizada em Berlim, após reunião com o premiê da Suécia, Merz procurou minimizar a crise, sustentando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá concordar que a Alemanha é um dos países mais bonitos do mundo.
A polêmica teve início na semana anterior, quando o líder alemão discursou no Congresso Alemão do Comércio. Ao relatar sua passagem por Belém para a Cúpula de Líderes — evento preparatório para a COP30 —, Merz afirmou que sua delegação sentiu alívio ao retornar para a Europa. Ele narrou ter questionado os jornalistas presentes se algum deles gostaria de permanecer na cidade brasileira, relatando que ninguém se manifestou e que todos estavam contentes por deixar “aquele lugar”.
Diante da repercussão negativa, o governo alemão descartou qualquer pedido formal de desculpas. Stefan Kornelius, porta-voz e secretário de Comunicação, classificou as interpretações das falas como distorcidas e afirmou que não houve intenção de depreciar o Brasil. A justificativa oficial aponta que os comentários refletiam o cansaço da comitiva após uma agenda intensa e voos longos, e não um juízo de valor sobre a cidade-sede da conferência climática.
Merz reforçou essa postura ao mencionar que enviou cumprimentos cordiais a Lula por meio de intermediários e que espera um encontro tranquilo com o mandatário brasileiro na África do Sul.
Reações no Brasil
O presidente Lula rebateu as críticas sugerindo que a experiência do chanceler foi incompleta. Segundo o petista, se Merz tivesse vivenciado a cultura local — frequentando bares, dançando e provando a culinária típica, como a maniçoba —, teria percebido que a capital alemã não oferece a mesma qualidade encontrada no Pará. Lula destacou ainda que a realização da cúpula da ONU colocou o estado em evidência global.
A declaração do alemão também provocou repúdio entre autoridades locais. O governador do Pará, Helder Barbalho, ironizou o fato de representantes de nações que contribuíram para o aquecimento global questionarem o calor amazônico. Já o prefeito de Belém, Igor Normando, classificou a postura como arrogante e preconceituosa.

